Eu sei que não é nada original
fazer teses sobre fenómenos que decorrem no Facebook mas importa aqui discorrer
sobre três tipos de manifestações escritas que são perturbadoras. A
categorização é minha e limito-me a enumerar os tipos mais frequentes e
dolorosos.
1 - O “Activista Compulsivo
Implacável”, faz terrorismo visual em Caps Lock num interminável grito mudo: “EM
1990, NASCI E VIM AO MUNDO, APÓS A REVOLUÇÃO DE ABRIL. EM 2008 ENTREI PARA OS
FUZILEIROS. ESTE MUNDO É FEIO E O GOVERNO DEVIA BAIXAR OS IMPOSTOS, CARAGO! É
UMA CAMBADA DE LADRÕES, GATUNOS E COISO E TAL. TENHO SAUDADES TUAS! QUANDO
PASSAS CÁ COM OS MIÚDOS? JÁ DEI DE COMER AOS CÃES E AGORA VOU FAZER O ALMOÇO.
BEIJOS À FAMÍLIA, ÉS MUITO LINDA.”
2 - O “Mestre do Suspense”,
prende-nos a atenção numa perpétua reticência para fazer render a fruta. Geralmente
só tem banalidades a transmitir: “Agora que dizes isso, lembrei-me de muitas
coisas que podia exemplificar…Tem muito que se lhe diga…realmente. Bem, não concordo com tudo,
claro…admito…mas é interessante…Não podemos estar sempre de acordo…não é…? Mas
fez-me pensar…já foi bom por isso. Acho que não devias era meter essas coisas…aqui.
Que tal irmos beber um café?…Sim…?...”
3 - “O Iletrado Omnipresente”, é
aquela pessoa que nos faz tremer sempre que surge uma notificação referente a ela.
Esta espécie pode encontrar a sua causa numa irremediável inimizade com o
teclado ou num período alargado de emigração que varreu as réstias de bom português
que lhe inculcaram na infância: “olà qrida! Està moitu bom!! O videu é um
bucadu cinistro mas engrazadu. Já extive a ver as voças fôtos do Luxamburgo e nem
todo vai bêm. Mas desejovos toda a forca do mundo!!! Gosta-va de darvos um
abraso ainda neste Natál. Beijinhus prá famìlia! E desculpa os errus, estou a esquever num teclado difrente”