domingo, 30 de outubro de 2011

Invenções

End the pier, end of the bay
...
But I'm not the man you think I am


Se não existem verdades absolutas e todos criamos combinações distintas de pontos dispersos da realidade, então é inevitável inventar. Todos inventamos e toda a compreensão passa por perceber que nos limitamos a fazer combinações de múltiplos indícios difusos que conjugamos, doseamos na intensidade e reproduzimos repetidamente.

Sendo a criatividade e o espírito inventivo tão úteis para o progresso de todos, é estranho pressentir que possa ser tão desconcertante, por vezes, no plano psicológico para o indivíduo. Se, por um lado, inventar é subsistir e até ganhar vantagem, dar atenção à fragilidade das nossas combinações é enfrentar o peso da nossa irresponsabilidade mental. É tornar questionável a nossa preferência pelo que é, no momento, agradável. Não há vontade maior, no momento da degradação causada pela repetição favorável de criações próprias, que a vontade de ter de volta uma jamais existente verdade crua. O anseio mais genuíno que nos surge à nascença e que é recuperado perto do fim, para fugir à insegurança das invenções e repudiar os rodeios inconclusivos.

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