Era aborrecido, não por ser longo demais; nada se prolongava.
Era aborrecido, não por ser fugaz, escapando-lhe a meio do empenho.
Antes fosse essa existência de perigo que, ténue, o agarrava.
Mas era aborrecido...e não por ser cansativo
porque nem se cansou com aquilo e aborreceu-se entretanto.
Perdeu o encanto porque o encantamento soava-lhe a repetição.
Enjeitava as novidades nos outros
por causa dessa repetição que era nele só uma impressão.
Não lhe aborrecia ver o desperdício nas coisas enjeitadas e a dor nelas
mas arrependia-se delas por não ganhar nada para si e a todo o tempo
ter de mudar, intercalar, interromper.
O aborrecimento estava nele, que o sentia
e as coisas rejeitadas não eram inúteis em si mesmas.
Mas estas dilaceradas, angustiavam-se
por nada conseguirem inventar para deixar de o aborrecer.
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