Nenhuma consciência patriótica pode manter-se indiferente perante o 25 de Abril porque ousar negligenciar a data do apogeu democrático nacional é sinal de cegueira e de declínio moral, fruto de contaminação por correntes de pensamento populistas e hereges. E não são poucos os que parecem querer demitir-se da obrigação de relembrar religiosamente a acção corajosa dos capitães que tão vigorosamente expressaram a verdade da maioria. É assustador assistir a essa perda de entusiasmo que se engrossa de ano para ano. As razões para este declínio alarmante só podem residir em alguma força malévola escondida e que urge identificar para neutralizar antes que seja tarde. Que se arrependa de imediato quem confundiu essa odiável resignação contra a nossa democracia com uma ingénua e bem intencionada vontade livre. Não são mais do que agentes escondidos, prontos para contaminar a nação com propostas radicais e egoístas que não atentam à saúde, igualdade e liberdade do seu povo.
Não chega recordar esta, que é a preponderante efeméride do calendário nacional de todo o português, mas garantir também que ninguém se aparta da sua comemoração nem questiona a sua relevância bem como todos os valores que lhe estão implícitos. O primeiro deles é o valor democrático e é o compromisso com a democracia que deve incitar cada um de nós a rejeitar de ano para ano, o governo ultrajante que ocupa o poder. Deve incitar ainda a manter acessa a luta contra o cancro abstencionista que não é sinal de nada, mas é apenas um fenómeno de imperfeição que deve ser combatido quanto antes, por meio de um estímulo à participação até que se concretize a escolha democrática verdadeira; aquela que ainda não foi completamente cumprida e que é a única via perfeita para o melhor interesse comum e harmonia da sociedade. É no sentido desta idealização por cumprir que devem ser direccionados todos os discursos que serão epopeias que farão encolher-se de vergonha os corajosos de Aljubarrota e farão chorar Camões, porque jamais outro acontecimento teve tamanho significado.
A passividade nunca se manifesta por acaso. Neste 25 de Abril, cada um deve olhar para o seu próximo e procurar se este ostenta em si um cravo ou se, pelo contrário, revela indiferença e, pior ainda, resistência e sarcasmo. Tolerar tal atitude é uma traição pelos ideias que motivaram a luta contra os reaccionários do passado. Tolerar tal atitude é não colaborar com os reaccionários do presente.
Brigada do Reumático 2012
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