sexta-feira, 12 de março de 2010
Uma espécie de aula, diz que é
Para quebrar a rotina e ocupar tempo, (que é coisa que não me falta, claro claro) nada melhor que ter a vontade súbita de entrar e assistir a uma aula diferente só pela curiosidade. E que belos momentos nos reservam, por vezes, os finais do dia. Estou solidária com o sofrimento dos meus colegas inscritos mas, quer dizer…assim visto de fora e sem precisar de uma avaliação vinda dali, deu para aproveitar um momento hilariante e quebrar com certos formalismos académicos.
Não valendo a pena referir que o professor tem um contagiante sorriso aterrador a estranhamente anestesiado por uma força exterior, a verdade é que se ofereceram ali recatadas descrições de factos que remontaram aos medievos e a partir daí a imaginação de um professor de história floresce livre e abusivamente e ramifica por caminhos obscuros que se tornam cómicos (quando se assiste voluntariamente).
(ALERTA IRONIA) --» É tão bom dispensar cerca de duas horas, num auditório, a apreender que “se puxava a pele assim e assim” (devia estar a referir-se à esfola, já ouvi falar; lembra-nos os coelhos); que “se cortou às postas mas que deixaram que se começasse pela cabeça” (e aqui um sorriso de orelha a orelha do docente), que “a peste fez com que cadáveres podres ficassem estendidos em decomposição, nas ruas, todos desfeitos com sangue a sair pelo nariz, orelhas, todos os buracos do corpo humano, possíveis e imagináveis” (e aqui outro sorriso em apoteose); que a cúpula da Igreja Católica andava toda em orgias, tudo junto e com o chifrudo à mistura; assim foi muito mais simples compreender a pertinente Reforma Protestante! É toda uma sujeira, portanto. Bem ao estilo do Nome da Rosa, como referia um iluminado presente na aula. Nunca me tinham explicitado de forma tão clarividente. Percebe-se de imediato e não há margem para dúvidas. Mas o professor podia ter investido mais e falar sobre torturas medievais, aí considerei que foi insuficiente.
E depois pormenores biográficos mais chatos mas rigorosos e de tomar nota, como o facto de “Calvino, de origem francesa, ter nascido em Genebra”. Há que saber aproveitar estas relíquias que ainda sobrevivem num ensino superior rotineiro, prevísivel e adulterado por um falso embelezamento da nossa memória histórica! Mas que querem fazer de nós? Deixar-nos mais leves e idealistas? Esquecer que somos uns conspurcadores e fracassados? Depois de uma aula daquelas fiquei muito mais consciente do que está na base da Europa que somos hoje, alicerces podres! «-- (ALERTA IRONIA)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Dani és hilariante, adorei ler isto, devias fazer companhia ao Ricardo Araújo Pereira.
ResponderEliminarEstás aprovada como comediante do meu governo, além de outras funções mais sérias evidentemente.
Continua assim, fartei me de rir.
Dani não foi o Duarte que escreveu isto, foi o José Carlos Pereira
ResponderEliminarahaahahhahahaaha, acho que só eu é que percebo essa tua piada. Vais ter de esclarecer quem a quiser perceber, inclusive o Duarte.
ResponderEliminarQuerida Dani, gostaria de deixar bem claro que te avisei antes de entrares na aula, o facto desta ser impropria para mentes mais sensiveis como sei ser o teu caso. Espero que não tenhas ficado de algum modo transtornada ou indisposta, assim como espero que sintas que os teus conhecimentos foram verdadeiramente aprofundados. Para além da inspiradora experiencia de assistires à aula, é bom que a partir de agora dês o devido valor aos colegas e amigos corajosos que possuis. Disse.
ResponderEliminarde facto agora quero saber quem é o josé carlos pereira, e porque é que foi ele quem disse isso ...
ResponderEliminaragora já percebi, mas foi sem qualquer intenção, de qualquer das maneiras obrigado pela comparação xD
ResponderEliminar