domingo, 18 de setembro de 2011

bons egoístas e os outros

Está acomodado com o próprio silêncio onde julga estar, para sempre, livre de oscilações e seguro de julgamentos. Em vez de alívio, isso vale-lhe remorso e hesitação permanente, envolto de inércia e desperdícios. O egoísmo, tão espontâneo e útil na distribuição eficiente de desejos, foi distorcido, sem querer, a cada dia e o bem a alcançar para própria satisfação foi adiado e remetido para o frívolo imaginário.

Não há nenhum mistério para esta inacção…tem uma explicação muito simples. Primeiro, a escala de valores em que se revia não se confirmava em nenhum exemplar real. Nessa altura o sujeito variava entre a indiferença e a náusea face às alternativas. Num segundo e inesperado momento ele deparou-se com a resposta ao seu interesse racional e sabia que não precisava de opiniões…estava confirmada para ele a existência do seu ansiado complemento, do valor mais alto que o faz de imediato repensar a sua condição e abrir a excepção, apreciar a singularidade da sua descoberta e o quebrar com a indiferença que tinha seguido até então.

Perfazia-lhe plenamente a auto-estima e agora, essa simpatia como reacção ao reconhecimento dos valores que procurava, a vontade racional de querer proteger o bem maior, a necessidade de encontrar nele satisfação própria e fonte de auto-estima… todos estes elementos ficam imobilizados. O que poderá justificar essa debilidade final? É repensar reacções, calcular demasiado custos e benefícios e fechar as acções numa rotina de ansiedade mental, de medo de fracasso. É já ter algo menor mas desejar replicar por algo maior, deitando o menor a perder. A comunicação tudo nos trouxe…é paradoxal que tantas vezes embarace e seja tão insuficiente ou pouco ágil. Como o próprio sujeito, também fraco, pouco apto à competição entre os mais fortes ou, melhor dizendo, aos mais adaptados.

Love and friendship are profoundly personal, selfish values: love is na expression and assertion of self-esteem, a response to one’s own values in the person of another. One gains a profoundly personal, selfish joy from the mere existence of the person one loves.

Não declarar abertamente o que quer não é egoísmo, mesmo que alguém tente julgar que aquele que o faz quer proteger-se da humilhação e sentir-se seguro num cenário exclusivamente idealizado. Não declarar o que sente na ordem das prioridades pessoais é prejudicar-se a si próprio ao paralisar a capacidade de escolher e avançar, de perder ou de sair compensado. É assumir a aversão ao risco. Ao esconder-se sacrifica a felicidade pois perde o valor maior e remedeia-se com o resto. Quem o faz comete um acto de irresponsabilidade por ser incapaz de perseguir contra todos os desejos secundários, aquele que lhe valeria a satisfação total. E por esse desperdício deve considerar-se culpado somente ele próprio, apesar de não faltarem pressões alheias que o acobardaram e que se enumeram, com facilidade, a cada lamentação de arrependimento. É a ideia de viver para sempre com essa culpa que assusta a cada dia e consome a força de falar mas prende também a coragem e a habilidade de lutar por aquilo que já encontrámos mas que hesitamos em dizer que procurávamos.

Remember that values are that which one acts to gain and/or keep, and that one’s own happiness has to be achieved by one’s own effort. Since one’s own happiness is the moral purpose of one’s life, the man who fails to achieve it because of his own default, because of his failure to fight for it, is morally guilty.



(citações: Ayn Rand – THE VIRTUE OF SELFISHNESS)

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