Os observadores tácitos somavam à hesitação, a falta de apetite. Os grandes movimentos iam cheios de desperdício, cambaleando e enchendo e reenchendo o copo a tapar a vergonha com a gargalhada torpe, repetindo trivialidade e em fuga dos embaraços cerebrais. Não se percebia se a ostentação descansava nos intervalos ou se a normalidade pesava na actividade teatral e expunha os embustes. Mas não faz mal porque mal se nota. Notavam os observadores; a observação de tão exagerada e perspicaz sentia náuseas dos sucessos desses anónimos que tudo abraçam. Só a ideia, de tão remoída, bastava para repudiar a experiência de vender a alma e aumentar a actividade. Observar era uma actividade mais contínua e de acréscimo do que a abrupta sede dos mais vistosos mas subitamente declinados. Apunhalados às escondidas por escolha própria, desprevenidos no próprio alvoroço. Apunhalados de olhos abertos nunca conseguiam ver tanto como os que, desde sempre os observaram, silenciados à margem do delírio. Não sobra nada para além das frames registadas a olho nu e o retrato derrotista que a ninguém aproveita. Os apunhalados eram repetições, as sistematizações completas do que não desejar. Entre a falta de apetite e a repugnância diante dos apunhalados, só há desperdício mas por existirem eles e os punhais, há desgaste a mais aqui. Se deixarem de existir os apunhalados, os que esvaziam o copo cedo demais para não o entornar, o desgaste estará entre os observadores e será ainda mais técnico e pesado.
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