quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Para nunca deixar a desejar...

Há uma espécie de falso simpatizante que fica à margem para não se sujar. Apoia para não ofender e mantém distância para não ser confundido. 

Dos seus próximos, aprecia somente os nascimentos e as mortes. Gosta de baptizados e dos funerais, das inaugurações e das despedidas. Apoia todas as intenções de mudança e as histerias de transições sem tomar conhecimento dos entretantos. Nunca contamos com a colaboração e força de braços dele mas eis que aparece em todas as efemérides, localizado onde não seja visto em caso de fracasso ou irrelevância mas em que seja identificado quando existam retrospectivas a remexer em acontecimentos significativos. 

Acompanha com atenção os êxitos, comemora datas esvaziadas e impessoais, felicita estreias de projectos, oferece prendas de casamento e dá umas palmadas nas costas, assobiando para o ar, enquanto os outros varrem os vestígios da farra. 

Esta espécie vive a desejar que os inícios augurem algo de bom nunca antes de visto, e que os finais limpem da lembrança os passados imperfeitos e tragam descanso de meia dúzia de compromissos. Quem vive assim é infalível e a palavra “ceder” não consta no seu dicionário. 

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