quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Entrevista a Hans-Hermann Hoppe, na sua recente visita à Roménia. Excelentes comentários que passam, nomeadamente, por welfare state, elites e bancos centrais, integração europeia, centralização vs unidades políticas de pequena escala, identidade e conflitos étnicos.

History, Natural Elites, and State Elites. An Interview with Hans-Hermann Hoppe from Mises Romania on Vimeo.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Too Big to Fail

Quando somos privados de uma certa coisa, tendemos a reconhecer o seu inteiro valor, neste caso como representando certo benefício que perdemos. Fica a falha por colmatar, associada a alguma necessidade. Num efeito inverso, quando abdicamos de um conjunto enorme de coisas que tínhamos confortavelmente como garantidas, e o fazemos em favor de uma só, mesmo que de forma temporária, o empenho adicional e sacrifícios que envolvem tornam-na muito maior do que realmente é. Sobrevalorizamos porque ocupa toda a nossa acção e atenção. Os custos de um fracasso perante isto são tão imensos, de tirar o fôlego até receber um sinal, por tímido que seja, a meio do caminho.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Sindicatos: os Persuasores da Ineficiência

Sucedem-se greves, essa arma de último recurso tão pronta e indiscriminadamente usada. Manifestamos, então, as reacções típicas de alguém que vê os projectos do dia frustrados, não só pelas incontroláveis incertezas, como se estas não bastassem, mas ainda pela acção deliberada de um certo grupo de interesses que arrasta poderes nocivos, sob uma permanente intocabilidade legal. Enquanto exteriorizamos alguma insatisfação, será comum obtermos a resposta: “Se a greve não prejudicasse os outros não tinha razão de ser; é preciso que transtorne senão não tem efeito”. É esse o ponto essencial. A greve não esconde que é realizada com o propósito de causar danos a terceiros como meio de atingir o impacto ambicionado, favorável aos seus interesses.
É inculcado na opinião dominante, de forma a torná-la subserviente e tolerante, que a luta sindical é a luta pelo emprego e que é à luta sindical que se ficam a dever as melhorias de remuneração e de consequente bem-estar geral da população, ao longo dos anos. Porém, esta versão está longe de corresponder à realidade e numa posição libertária não parece concebível pactuar com esta forma de iniciação de violência. Trata-se de uma clara intromissão na liberdade de outros indivíduos, desde o próprio empregador, ao trabalhador não sindicalizado, até ao não menos negligenciável cidadão/consumidor. Ao coagir outros trabalhadores a alinhar nas estratégias colectivistas pela quebra de compromissos contratuais, ao intimidar os colegas de profissão que insistem em trabalhar, ao forçar no sentido de uma decisão ineficiente por parte do empregador e, não menos importante, ao afectar a rotina diária dos indivíduos exteriores à reivindicação e à causa que ganha protagonismo, provocam atrasos, falhas em compromissos inadiáveis e até despesas adicionais (meios de transporte, emergências médicas, alternativas para ocupar os filhos, etc), os agitadores estão a invadir a propriedade e a constranger as liberdades de um número muito superior de indivíduos, quando comparando com o número dos potenciais beneficiários.

São, invariavelmente, lutas que visam pura e descaradamente extrair mais recursos aos contribuintes, no caso dos serviços públicos, ou aos consumidores, no caso de outros bens e serviços de iniciativa empresarial privada. A nível profissional, são de facto os trabalhadores numa situação mais frágil que sofrem em primeiro lugar com a ingerência dos inflexíveis e desinformados sindicatos na relação contratual entre as partes. Desinformados porque estão longe de deter uma informação menos imperfeita do que aquela que pode ser garantida pela negociação individual e pelas forças de equilíbrio de mercado. As exigências são arbitrárias e pouco pensadas, assentes em justificações ambíguas como “salário digno”, ignorando as possibilidades e a verdadeira margem de lucro do empregador, nos casos em que ele existe.
Para além das implicações identificáveis pelo mais elementar senso comum, a acção orquestrada dos sindicatos tem consequências mais profundas na economia que não deixam de ser bem perceptíveis a todos aqueles que se predispuserem entendê-las. Ninguém contesta, num olhar retrospectivo, que a União Soviética foi uma completo exemplo do declínio económico pela permanência numa deficiente alocação de recursos que resultou do método despótico de interacção entre agentes. O sindicalismo não entra na equação dos incentivos espontâneos pois contraria o natural declínio de indústrias e serviços inviáveis (veja-se o caso da CP, em Portugal) e, por outro lado, torna mais nebulosos os sinais a nível de preços por parte de novas empresas promissoras que ofereçam, naturalmente, salários mais elevados, como reflexo do seu valor. O efeito mais nefasto para a economia é a distorção do preço do trabalho e é deste prejuízo que derivam, mais cedo ou mais tarde, todos os outros problemas. A chantagem que pressiona por salários acima do preço de equilíbrio de mercado (recta WW') levará sempre a uma diminuição do número de trabalhadores pois o empregador já não tem vantagem em empregar trabalhadores cujo trabalho tem valor inferior ao do salário mínimo exigido pelas forças sindicais.


Conforme depreendido pela figura (post anterior), verifica-se um inevitável recuo do número de trabalhadores contratados (ponto C), no seguimento da fixação do salário mínimo acima do equilíbrio de mercado (ponto B). Ao diminuir o número de contratações, aumentará o número de indivíduos à procura de emprego e dispostos a trabalhar por preço mais baixo. As “conquistas” orgulhosas dos sindicatos engrossaram as fileiras de desempregados, baixaram os salários em outras actividades ou empresas e desvalorizaram o trabalho pela abundância de oferta de trabalhadores face às possibilidades de absorção pelo mercado de trabalho. É um efeito incontornável, tal como qualquer outro aumento de preços implica sempre menor volume de compras por existirem menos interessados em sacrificar uma quantia elevada por determinada troca. O favorecimento nesta lógica é, geralmente, em favor dos trabalhadores com emprego mais assegurado e dos mais produtivos. Os sindicatos também tendem a ter mais força em actividades que por si mesmas já são bem remuneradas na situação inicial. O aumento dos salários destes será feito à custa dos trabalhadores numa situação mais susceptível.
Estamos diante uma força colectiva que paralisa as forças voluntárias do mercado e pressiona o poder político, numa óbvia acção de rent-seeking, para almejar a regulação favorável aos seus interesses, tão egoístas quanto quaisquer outros. Está muito longe de defender um bem comum a que tanto se arroga mas contribui directamente, isso sim, para restringir a oferta de trabalho, quebrar a produtividade de dada actividade, elevar os custos de produção, limitar as possibilidades de poupança do empresário e, consequentemente, criar barreiras a novos investimentos e à expansão da indústria.

Por princípio libertário o homem define-se como merecedor dos frutos do seu trabalho e a força que aplica no trabalho em que se envolve deriva somente de si mesmo, da sua vontade, do benefício que calcula obter, sendo responsável por empenhar nesse esforço os custos que considera racionais, em pleno exercício da sua self-ownership. É pela troca de benefícios em reciprocidade numa negociação individual que é mais eficiente encontrar um acordo mútuo vantajoso, contornado as dificuldades da informação dispersa. É a esta dispersão de informação que a negociação colectiva, presidida pelos sindicatos, jamais terá capacidade de dar resposta, reduzindo-se a rude substituta artificial do funcionamento harmonioso do mercado. Forçar vínculos e rigidez de mercado em favor de alguns privilegiados, incutir perdas até a outra parte ceder (invadindo a sua propriedade e escolhas) e impedir a agilidade das respostas em adaptação ao mercado são os principias legados que a acção sindical, consubstanciada nas greves constantes, tem a oferecer aos membros da sociedade. Maximizar a vantagem do trabalhador às custas do produtor, dos trabalhadores não sindicalizados, de outros trabalhadores que perdem emprego, dos consumidores que enfrentam uma possível subida dos preços (devido ao aumento dos custos para as empresas) ou dos contribuintes que terão de sustentar a avidez dos que encontram no Estado uma fonte, aparentemente inesgotável.

Importa lembrar, quando alguém se sentir moralmente culpado por contrariar a defesa do “emprego” e do “padrão de vida digno” dos trabalhadores, que se um sindicato consegue fixar um salário mais elevado do que aquele que seria resultante nas negociações espontâneas, outros indivíduos estarão a ser sacrificados. Quanto maior o alcance do sindicalismo, tendencialmente crescente será a porção desempregados e mais fracos e desviados serão os investimentos que o empresário conseguirá promover, levando a perdas de eficiência e perpetuação legalmente consentida de fenómenos que nunca se arrastariam na saudável premiação e punição em ambiente concorrencial.

HAYEK, Friedrich, The Constitution of Liberty. The University of Chicago, 1960.
ROTHBARD, Murray, Man, Economy and State: A Treatise on Economic Principles. Ludwig von Mises Institute, Scholar’s Edition, 2004.

sábado, 26 de novembro de 2011

minuto verde

Factos recentes comprovam. O uso intensivo de secadores de cabelo ou alisadores, ligados à corrente durante longos períodos de tempo, implicando inclusive, fortes emissões de calor para o ambiente envolvente, estão a gerar mudanças irreversíveis e gritantes nos organismos vivos expostos, exigindo cortes drásticos e corajosos. Tenho o cabelo todo espigado.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

isto não é um elogio aos escandinavos

Nos países escandinavos, quando um indivíduo não se sente bem com a vida que leva, suicida-se. Nos países do sul, faz greve.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

The Sky Is A Landfill

This way of life is so devised to snuff out the mind that moves
Moving with grace the men despise, and women have learned to lose
Throw off your shame or be a slave of the system

I see you take another drag
One more lost soul to raise your flag
The sky is a landfill
I see you take another drag
Let's see you take another drag

You like to dance to the rolling head of the adulteress
You sing in praise of suicide
We know you're useless
Like cops at the scene of crime

Throw out the stones from all the cemetery homes
For the violence of a nation gone by
Or the politics of weakness and the garbage dump of souls
That will now black the sky

Jeff Buckley

sábado, 12 de novembro de 2011

Ben Folds - Rockin' The Suburbs


Y'all don't know what it's like
Being male, middle class and white

It gets me real pissed off, it makes me wanna say
It gets me real pissed off and it makes me wanna say
It gets me real pissed off and it makes me wanna say
FUCK!

Just like Jon Bon Jovi did
I'm rockin' the suburbs
Except that he was talented
I'm rockin' the suburbs
I take the cheques and face the facts
That some producer with computers fixes all my shitty tracks
These days

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Também gostas de Coca Cola?...

...mas que coincidência tão, estúpida! Adeus.


clandestinidade

Os empenhos escondidos são os mais completos no conteúdo e longos no tempo. Sem exibir a qualidade de cada acção e o cuidado nela aplicado, entrega o melhor porque é o que quer. Não para agradar pois a acção não será vista e não por pressão porque ninguém pediu ou exigiu. É por saber que aquele empenho pertence ali e será um hiato chato optar por não o fazer. Há gosto em fazê-lo e, enquanto se faz, está a desejar-se uma qualquer repercussão sem aviso que dê satisfação à outra parte, sem que lhe seja nítida a origem. Não conseguir medir os efeitos desordenados é o impulso à contínua diligência como se o perigo de ser descoberto fosse iminente. Seja por medo ou esperança, pressente que pode ser útil ter pronta uma clara demonstração de todo o mérito que esteve encoberto por tanto tempo.

Tudo é ilusão e correr atrás do vento. 18E odiei todos os esforços que suportei debaixo do Sol, porque tudo hei-de deixar àquele que virá depois de mim. 19E quem sabe se esse será sábio ou insensato? Mas é ele quem será senhor de todo o fruto dos meus esforços que debaixo do Sol me custaram trabalho e sabedoria.

Eclesiastes 2

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

The Sound - 'Sense Of Purpose'

What are we going to do?
While we still got the strength to move
What are we going to do?
I'm asking, I'm asking you

A call to arms, a call to use arms
A call to brains, a call to use some brains
A call to the heart, a call to have a heart
To have a sense of purpose again.

Leonard Cohen, Book of Longing

This is it
I'm not coming after you
I'm going to lie down for half an hour
This is it
I'm not going down
on your memory
I'm not rubbing my face in it anymore
I'm going to yawn
I'm going to stretch
I'm going to put a knitting needle
up my nose
and poke out my brain
I don't want to love you
for the rest of my life
I want your skin
to fall off my skin
I want my clamp
to release your clamp
I don't want to live
with this tongue hanging out
and another filthy song
in the place
of my baseball bat
This is it
I'm going to sleep now darling
Don't try to stop me
I'm going to sleep
I'll have a smooth face
and I'm going to drool
I'll be asleep
whether you love me or not
This is it
The New World Order
of wrinkles and bad breath
It's not going to be
like it was before
eating you
with my eyes closed
hoping you won't get up
and go away
It's going to be something else
Something worse
Something sillier
Something like this
only shorter

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Pouca Informação

A verdade é um embaraço se antevemos uma resposta de escândalo ou retracção. Se, ingenuamente, suspeitamos/acreditamos que pode vir a ser uma agradável surpresa, uma compensação que já vai atrasada ou um esclarecimento decisivo, então o embaraço dá lugar a uma infantil impaciência por disparar em todas as direcções, em picos de entusiasmo momentâneo. Depois tornamos a prever o escândalo, a visão intimida e voltamos ao embaraço.



Versão mais directa para os menos optimistas/menos cobardolas: só não vamos directos ao assunto quando bem sabemos que o que andamos a esconder vai partir tudo e a outra pessoa vai meter-se a milhas com medo das nossas intenções ou ideias. Se nos sentimos melhor a imaginar o cenário a nosso favor, a somar partes favoráveis e a ignorar as dicas incómodas deixamos de ser contidos para dar lugar a atitudes histéricas, deitando muito a perder em favor do nosso caprichoso desejo. Depois vamos voltando à posição sensata em que nos envergonhamos de ser tão parvos mas em que levamos uma valente sova de consciência.

Este Inferno Global não é para Paraísos Fiscais

Na mais recente reunião dos G20, Sarkozy esboçou a sua felicidade pelo trabalho feito e insatisfeito por aquele que ainda está por fazer. Afirmava então: “Não queremos paraísos fiscais. A mensagem é clara (…) os países que acolhem paraísos fiscais que encubram informação financeira serão banidos da comunidade internacional”. Esta empreitada planetária não é mais do que uma das muitas chantagens subtis de intromissão na soberania dos Estados, de desejo de expansão para extracção de recursos e de reforço da popularidade política. Sim, popularidade…a indiferença perante o propósito centralizador em curso é sinistra de tão distante que está da realidade. Esta afeição à tributação como dever de todo o cidadão, interdito do poder de escolher, e responsável perante a sociedade, sem questionar sequer a moralidade da coacção em si mesma recorda-me o comediante Jerry Seinfeld, a propósito de medicação: “Então, eles falam-nos do medicamento que alivia a dor. Ninguém quer algo que seja menos que extra-forte. Extra forte é o mínimo absoluto. Já nem podemos ter só forte…já está fora de moda. Algumas pessoas não se satisfazem apenas com o extra, elas querem o máximo. “- Dê-me o máximo-forte!...Dê-me a dose máxima para humanos! Descubra o que me pode matar e depois recue um bocadinho…”. Porém, a analogia pode não ser a melhor porque a tributação está longe de ser o melhor tratamento para algum problema.

Pactuar com o combate a paraísos fiscais mostra quão débil é a percepção das pessoas quanto às restrições que lhes são impostas e dos efeitos consecutivos no seu próprio nível de vida. Para alvejar desde já a acusação mais vulgarmente lançada à credibilidade e honestidade dos paraísos fiscais convêm frisar que estes países, ocupam os níveis mais positivos quanto ao controlo da corrupção e respeito pelo Estado de Direito. São dados sobejamente conhecidos mas qualquer dúvida, perante este incontornável facto, pode ser esclarecida numa rápida consulta ao Index of Economic Freedom, promovido pela Heritage Foundation ou, a uma fonte menos suspeita, do nosso ponto, numa consulta às estatísticas do Banco Mundial. Cairá por terra a fraudulenta associação de paraísos fiscais a centros de lavagem de dinheiro e corrupção. Certamente que a maioria das pessoas conhece a importância histórica que teve a Suíça como lugar seguro e sigiloso para os as poupanças dos judeus, durante a II Grande Guerra. A alusão a um exemplo tão moralmente sensível faz dele um bom ponto de contraste com os casos contemporâneos. As pessoas que se orgulham em contar esse sucesso podem de alguma forma estigmatizar os paraísos fiscais hoje? O que diriam as pessoas que aprovam a retórica contrária à competição fiscal, sabendo que estas jurisdições continuam a representar a salvação para refugiados, cidadãos arrasados por controlos de câmbio abusivos, governos totalitários, crime endémico, perseguição, étnica, religiosa, etc…? Sem dúvida, o combate a estas soluções e à privacidade tão valiosa em momentos mais críticos é um ataque directo à liberdade e dignidade dos indivíduos.

O apoio que é angariado em torno de discursos como o de Sarkozy, é fundado na mesma ideia sempre inculcada de que os indivíduos nunca serão honestos e bem-intencionados na aplicação do seu dinheiro e quanto maiores forem as quantias em causa, tenderá a crescer a iniquidade do indivíduo; mais fraco e inconsequente será o seu contributo para a sociedade. O pessimismo inveterado em relação ao indivíduo é só um lado da visão dualista dominante que se completa com a ideia de governantes serem agentes desinteressados que gerem eficientemente as receitas fiscais em conformidade com as necessidades de todos.

Quanto menores forem as possibilidades de escape, mais ilimitada será a capacidade dos governos imporem elevadas cargas fiscais sem temerem reacção dos governados. Abolir os escapes por completo, minaria a competição fiscal e o incentivo dos governos seria expandir ainda mais a extracção violenta da propriedade. O discurso favorável a essa ambição de extinguir os paraísos fiscais é, não só um meio de fazer esquecer o carácter legítimo e natural de mobilização em função das jurisdições fiscais mais baixas, mas é também um sinal de intenção em montar uma coordenada cobrança de impostos a nível global como é indiciado pela Nações Unidas, pelos propósitos harmonizadores da União Europeia e pela OCDE com as suas imposições de transparência que significam o fim do sigilo financeiro e da privacidade dos indivíduos. A lista da OCDE dos países não cooperantes em matéria fiscal é uma das mais claras agressões perpetradas pelos países que não toleram que capital e trabalho se desloquem para zonas que põe em prática uma lei fiscal mais benevolente e atractiva para investidores e empresários.

Burocracias internacionais e nações que exercem altas cargas fiscais sobre os cidadãos alegam que os paraísos fiscais são incentivos que privam os políticos de receitas valiosas para o Estado. Na verdade, acontece precisamente o inverso porque o imposto exercido revela tendência ascendente e é precisamente quando os indivíduos se sentem mais lesados pelo imposto sobre o seu trabalho que recorrem a uma jurisdição que garanta uma salvaguarda de poupanças e investimentos mais vantajosa. Logo, é pela imposição de tributação muito elevada que o Estado perde receitas pois ele mesmo incentiva à deslocação. É falso que os Estados subam impostos para compensar perdas em favor de paraísos fiscais, sacrificando uns devido a supostas aventuras de outros. Sobem impostos quando não têm um freio natural que os puna, sobem desincentivando os cidadãos a cumprir a lei e aspiram encerrá-los na total ausência de competição fiscal rumo à plena homogeneização.

Alegam também distorções no comércio mundial, de serviços e capital. As maiores distorções advêm jamais de uma saudável competição fiscal mas sim de uma alocação de recursos feita em função de interesses dominantes com capacidade de pressionar o poder político. Se os recursos estão aplicados em jurisdições com condições mais apelativas significa que mais recursos estão a ser aplicados em sectores produtivos em vez de serem arrasados nas mãos dos governos. Trata-se de uma escolha entre a eficiência, flexibilidade e prosperidade ou a burocracia, proteccionismo, assistencialismo e despesismo.

A competitividade internacional só é viabilizada, concedendo a autonomia aos indivíduos, não restringindo a competitividade fiscal inter-estadual e inter-municipal e evitando sempre penalizar a poupança. A poupança que é tantas vezes abalada por práticas comuns como a tributação dupla do mesmo fluxo de rendimentos, tanto quando falamos em dupla tributação interna (no caso das empresas, a tributação em sede de IRC dos resultados líquidos das empresas e a subsequente tributação desses resultados, em sede de IRS, quando os mesmos são distribuídos sob a forma de dividendos) ou dupla tributação internacional (taxação dupla de um mesmo fluxo de rendimentos em domicílios fiscais distintos). O proteccionismo fiscal é tão prejudicial como qualquer barreira alfandegária sobre bens e serviços. Deve ser combatido, acima de tudo, quando vem sobre a forma de proteccionismo global de tendências imperialistas como evidenciado pela OCDE. Se, porventura, algum de nós der por si a ouvir e concordar com o discurso que promete extinguir da face da terra os paraísos fiscais, lembremo-nos que isso representa compactuar com a mão de burocratas de países como a França, e a Alemanha estrangulando as jurisdições de exemplos raros como a Suíça, Singapura, Liechtenstein, Hong Kong ou Ilhas Caimão.

Publicado inicialmente no Movimento Libertário.

domingo, 30 de outubro de 2011

Invenções

End the pier, end of the bay
...
But I'm not the man you think I am


Se não existem verdades absolutas e todos criamos combinações distintas de pontos dispersos da realidade, então é inevitável inventar. Todos inventamos e toda a compreensão passa por perceber que nos limitamos a fazer combinações de múltiplos indícios difusos que conjugamos, doseamos na intensidade e reproduzimos repetidamente.

Sendo a criatividade e o espírito inventivo tão úteis para o progresso de todos, é estranho pressentir que possa ser tão desconcertante, por vezes, no plano psicológico para o indivíduo. Se, por um lado, inventar é subsistir e até ganhar vantagem, dar atenção à fragilidade das nossas combinações é enfrentar o peso da nossa irresponsabilidade mental. É tornar questionável a nossa preferência pelo que é, no momento, agradável. Não há vontade maior, no momento da degradação causada pela repetição favorável de criações próprias, que a vontade de ter de volta uma jamais existente verdade crua. O anseio mais genuíno que nos surge à nascença e que é recuperado perto do fim, para fugir à insegurança das invenções e repudiar os rodeios inconclusivos.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Blue Lips - Regina Spektor



(...)
He took a step but then felt tired
He said, i'll rest a little while
But when he tried to walk again
He wasn't a child
And all the people hurried past
Real fast and no one ever smiled

Blue lips
Blue veins
Blue, the color of our planet from far, far away

He stumbled into faith and thought,
God, this is all there is
The pictures in his mind arose
And began to breathe
And no one saw and no one heard
They just followed lead
The pictures in his mind awoke
And began to breed

They started off beneath the knowledge tree
Then they chopped it down to make white picket fences
They marched along the railroad tracks
And smiled real wide for the camera lenses
They made it past the enemy lines
Just to become enslaved in the assembly lines
(...)

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

comportamentos óbvios

Parece-me tudo demasiado cíclico…vou começar a simplificar as conversas para me fazer entender.

A - Porque é que as pessoas mudam? Porque não estão satisfeitas. - Porque é que as pessoas não estão satisfeitas? Porque mudam.

B - Porque é que as pessoas exigem segurança? Porque não conhecem as suas capacidades? - Porque é que não conhecem as suas capacidades? Porque as pessoas exigem segurança.

C - Porque é que as pessoas evitam fazer escolhas? Porque não sabem do que gostam. - Porque é que não sabem do que gostam? Porque evitam fazer escolhas.

D – Porque é que perdem grandes oportunidades de exteriorizar o que pensam/sentem? Porque temem o que o futuro lhes reserva. - Porque é que as pessoas temem o que o futuro lhes reserva? Porque perdem grandes oportunidades de exteriorizar o que pensam/sentem.


informações úteis

(se acham chato e parvo ler o que penso enquanto ando de comboio, tomem a liberdade e gentileza de viajar por mim) *

Nas pequenas coisas mais estúpidas percebemos como a recusa/preguiça em entender objectivamente as capacidades e limitações das pessoas normais, e as suas necessidades imediatas, fazem permanecer em vigor criações obsoletas, absurdas e disfuncionais em toda a parte.

“Com um simples movimento de corpo pode avançar o assento para uma posição de repouso”

Há anos que leio esta frase mas não me diz nada. É um enunciado simples. O adjectivo “simples”, ali utilizado, parece-me cínico porque todos já concluímos que é complicado. Está a lembrar-me como era bom repousar. Boa sugestão….Depois, “um simples movimento de corpo”, sim, mas não especifica que "corpo"… ferramenta, arma, uma bomba!...pah, qual?…Nunca tive provas palpáveis em como estes assentos se movem verdadeiramente. Também nunca vi ninguém a usufruir desse feito heróico (movê-los). Acho que a frase está só aqui para criar a ideia de que nos desejam mesmo proporcionar conforto mas para descobrirmos se conseguem passar da teoria à prática, precisamos de ter a lata de solicitar a ajuda dos que controlam a máquina. Mas os tipos estão sempre longe…Caramba, eu nunca pensei em deitar-me enquanto ando de comboio mas agora sim. Nunca pensei que fosse possível. Custava muito não sugerirem o impossível?

E que tal apagar a frase dali? Não, claro que não será necessário…de qualquer forma, quem vai querer descobrir se resulta mesmo ou não? O mais engraçado é que se eu ousar fazer aqui um esforço e umas manobras para testar, todos vão olhar e achar que sou uma barraqueira. Mas pronto, a frase fica sempre bem…para quê tornar tudo mais operacional? Bem…para a próxima venho num serviço ferroviário em que os assentos se movam! Não há outro serviço alternativo? Ah pois…é por isso que os assentos deste comboio ainda não se movem.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Libertarianismo e belicismo: uma óbvia incompatibilidade

Libertarianismo e belicismo: uma óbvia incompatibilidade It is in war that the State really comes into its own: swelling in power, in number, in pride, in absolute dominion over the economy and the society. Society becomes a herd, seeking to kill its alleged enemies, rooting out and suppressing all dissent from the official war effort, happily betraying truth for the supposed public interest. Society becomes an armed camp, with the values and the morale – as Albert Jay Nock once phrased it – of an "army on the march.
Murray N. Rothbard

A oposição inflexível face ao tom de inevitabilidade de combates indiscriminados, promovidos pelo Estado, é uma necessidade decorrente da coerência a preservar dentro do pensamento libertário. Os custos de uma guerra são evidentes e facilmente enumeráveis por qualquer pessoa, porém , não poucas vezes, são tolerados como males necessários, beneficiando de estatuto de excepção. Caso não estejam bem presentes na memória de todos, relembre-se que a guerra corresponde à forma mais robusta e rápida de depredação de riqueza e de ataque à estabilidade da sociedade, implicando uma ruptura desordenada das actividades económicas, desequilíbrios demográficos, incitamento à desordem social, prejuízos avultados, frustração de expectativas e de percursos de vida interrompidos. A estratégia de vitimização por parte do Estado serve de base a um oportuno sentimento de coesão entre os cidadãos, à medida que a classe dirigente fica empossada de maior legitimidade e diâmetro de ingerência nas liberdades individuais.

Perante as seduções que partem sempre do mesmo orador, pouco confiável - o Estado – o cepticismo deve ser uma constante, tendo em conta que a guerra constitui a expressão máxima da violência estatal ao aliar a manutenção de acções intencionais de agressão, por meio do monopólio da força, com o financiamento insaciado que parte das receitas fiscais. O Estado, inerentemente agressivo, consegue realizar a lamentável proeza de direccionar recursos originários de cidadãos oponentes do belicismo para agredir estrangeiros inocente, decidindo onde, como, porquê e com que magnitude empreende essa intervenção. Vislumbra-se, assim, a total oposição aos princípios defendidos por Rothbard no que toca a auto-defesa fundamentada na proporcionalidade da punição daquele que atenta contra as nossas liberdades, privando-se também, ele próprio, da sua liberdade na mesma proporção em que nos agride. A forma operacionalizada de enunciação de danos colaterais revela a mais rude indiferença, e o direccionar da violência somente aos criminosos e na dose exacta que é merecida, poupando a vida de terceiros, alheios aos conflitos, é algo pouco ou nada exequível, tanto porque o Estado não tem qualquer preocupação em ser selectivo nos seus alvos, como porque não o consegue fazer, dado o impacto implacável do seu apetrechamento militar. Todos estes aspectos são ignorados se estiver generalizado o dualismo necessário para suportar a guerra, numa consideração bastante linear e simplista das partes envolvidas, que descamba em efectivo colectivismo de oposição entre nações…uma conveniente abstracção e assimilação do “medo”, da “ameaça” e duma consequente “necessidade”. Contrariamente às forças que interagem espontaneamente, o Estado distingue-se por concentrar-se em falsas necessidades e forçar os tributados a financiar as suas ruínas ad eternum. Distancia-se dos indivíduos, consegue baixar o nível de exigência e consegue encobrir o despesismo e a crescente desconexão entre interesses dos governados e acção governamental, nomeadamente com enunciados que se reduzem a simples chantagem securitária. Como Hans-Hermann Hoppe enunciou, de forma inequívoca e acertiva: Rather than dynastic property disputes which could be resolved through conquest and occupation, democratic wars became ideological battles: clashes of civilizations, which could only be resolved through cultural, linguistic, or religious domination, subjugation and, if necessary, extermination. It became increasingly difficult for members of the public to extricate themselves from personal involvement in war.

Nas guerras contemporâneas, mais do que nunca, é perceptível a ausência de ponderação da utilidade dos sacrifícios de guerra, cada vez mais numerosos e incutidos nas necessidades e despesas nacionais. A própria noção de guerra preventiva reflecte a despreocupação em verificar sinais claros de iniciação de uma agressão que ameace a liberdade e propriedade de alguém. Posto isto, poucas são as barreiras às ambições expansionistas dos Estados, como é símbolo máximo disso, a presunção messiânica norte-americana que se reanima na recuperação do ideal wilsoniano, tão raras vezes dirigido a ameaças directas, respeitantes aos EUA.

Se uma pessoa, a título individual, por sua conta e responsabilidade, decide arriscar-se em infligir uma vingança em alguém por meio de violência, (independentemente de se justificar ou não, neste caso) é evidente que todos os prejuízos que possam decorrer de uma contenda, recaem sobre ela mesma, no seu corpo, em possíveis danos materiais, despesas com a saúde, etc. Se é racional atentar ao próprio bem-estar e envolver-se num conflito evitável, é uma questão que recebe resposta subjectiva, já que depende somente de propósitos e valores pessoais. Se transpusermos uma semelhante situação para a esfera do Estado, percebemos que há uma entidade bem fortalecida, de responsabilidade de curto prazo, que anda a enfrentar perigos e multiplicar inimigos, instrumentalizando o corpo e a riqueza dos seus cidadãos. Quanto maior e mais centralizado conseguir ser o Estado, mais recursos tem à sua disposição e melhor os maneja, fora do alcance das apreciações e fiscalizações dos indivíduos. O fomento da guerra é a revitalização da natureza do Estado. Num Estado vasto, diminui o horizonte de tréguas porque é mais remoto o limite em que se esgotam as receitas destinadas à defesa e mais estranha a noção de justiça. Prolongar-se-á a agressão pela agressão, a tributação como agressão e a agressão graças à tributação.

War is never economically beneficial except fot those in position to profit from war expenditures.
Ron Paul

Compactuar com estes desproporcionais conflitos implica contornar as liberdades civis, os princípios basilares como o da preservação da vida, o direito à posse e defesa da propriedade privada, a igualdade perante a lei, a não agressão, a tolerância (não interferindo com a conduta de terceiros, independentemente de a aprovarmos ou não) e o favorecimento da paz como ambiente favorável a saudáveis interacções entre os indivíduos, na base do respeito mútuo e reciprocidade.

O vergar no sentido da desumanização está intimamente ligado à aceitação e defesa da escravidão militar, da escravidão fiscal, do colectivismo militar, da imoralidade associada ao assassinato em massa de inocentes e à tolerância perante tentativas de imposição de um modelo de governação igualmente tirano, semelhante aos que pretende remover. Resumindo, entregar a liberdade e a riqueza acumulada à máquina de guerra sem questionar intenções e efeitos que, se assumidos por conta própria, nos pesariam continuamente na consciência é ser vencido pela retórica irracional de guerra, pela arbitrariedades do Estado na provisão de protecção e moralização, e acima de tudo, é esquecer a diferença entre agressão e defesa – ponto de partida de todos os excessos e violações de direitos na matéria em causa.

A solução passa por rejeitar os pesados “cavalos de Tróia” que nos consomem as provisões em aplicações violentas e nos forçam a invadir e “incendiar” comunidades alheias. A resolução de qualquer conflito passa pela resolução próxima das partes envolvidas, numa lógica de compensação equiparada aos danos, rápida e satisfatória, flexível ao sentido de justiça da parte afectada e, sempre que possível, assente na capacidade de auto-defesa, livre de intermediações burocráticas que ampliam os prejuízos de parte a parte.

It is a wonder, then, that many who favor liberty, spontaneous order, voluntary human action, free trade and markets, and as little government as humanly and practically possible, do not see the full force of both the ethical and practical arguments against an interventionist foreign policy.
Anthony Gregory

GREGORY, Anthony, The Effects of War on Liberty, 2007.
HOPPE, Hans-Hermann, Reflections on State and War, 2006.
PAUL, Ron, The Crime of Conscription, 2003.
ROTHBARD, Murray N., War, Peace, and the State, 1963.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A leftist who thinks the government is protecting him from high ATM fees, low wages, or dirty drinking water tends to feel indebted to the state and willing to take its side over liberty and the free market. A conservative who thinks the government is locking up hooligans and keeping undesirables out of society will likewise side with power over freedom in all too many cases. And anyone who believes that the government is the only barrier standing between the American Dream and the fall of civilization into the hands of fanatics, determined to convert us all to their religion and behead those of us who resist, will predictably give the government far more leeway than it deserves.

Anthony Gregory

The foundation and cornerstone of liberty is the institution of private property; and private – exclusive – property is logically incompatible with democracy – majority rule. Democracy has nothing to do with freedom. Democracy is a soft variant of communism, and rarely in the history of ideas has it been taken for anything else.

Hans-Hermann Hoppe, Reflections On State and War


segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Não costumo fazer descrições da rotina, porém contudo…

Aqui à minha frente, a jovem revê as suas próprias fotos há pelo menos uns 40 minutos…vai editando as melhores partes, se as tiver. Do outro lado do corredor a morena trintona, de mão elegante no queixo finge que redige alguma coisa no word, olhando o corredor de cima a baixo de 10 em 10 segundos, enquanto exibe as pulseiras e o suposto anel de noivado, com aquele ar imponente de “vejam, não dão nada por mim, nooo entaaanto!…”. Cerca de 60% dos passageiros vão a tentar dormir e uns 10% fazem uso dos óculos escuros para topar clandestinamente as curvas, do trajecto, as curvas do trajecto. Cerca de metade dos ocupantes da carruagem trazem consigo os indispensáveis auscultadores, esses oásis da paz e da saúde mental.

Os passageiros mais velhos olham a paisagem pela janela baça, de braços cruzados em cima da barriga, enquanto são ofuscados pelos raios de sol de frente ao fim do dia, cortados em maquinais intervalos que irritam, mas que eles já toleram. Ao meu lado, uma aparentemente académica, tenta ler a Viagem do Elefante do Saramago….leu 3 páginas e fechou agora. Não acredito…como conseguiu ler tanto. Ena, movimento! Emoção na carruagem! Lá mais à frente, um discreto litígio porque um deles quer ver a paisagem e o outro quer descansar e não suporta a luz…é a disputa pelo cortinado! Este aqui mais perto, dos seus quarenta anos, ergue o jornal com ar seguro e regular, distante da multidão, um certo ar de alheamento intelectual. Eis que parou…por hoje foi tudo, amanhã absorves mais um pacote de ração informativa.

Há pessoas que apreciam a viagem despreocupadas e outras que só querem chegar rápido ao destino e perguntam até ao funcionário, a hora exacta de chegada. Para onde será que vão a seguir? Os lugares junto da janela são bastante apreciados…mais um bem escasso que faz com que os menos agraciados passem a viagem a levar cotoveladas e caneladas, contorcem-se no assento e tentam espreitar o exterior por cima do passageiro junto da janela. É aborrecido andar de comboio? Bem, reserva tanto divertimento como quase qualquer outro sítio: pouco ou nenhum. Custa menos quando não vai a engonhar, parando em todas as estações e apeadeiros.

A melhor coisa da viagem de comboio…Essa é fácil. É ver a acérrima defesa do lugar marcado pelo qual se pagou! São os melhores momentos de contacto entre os passageiros e de manifestação da instintiva e repentina defesa da propriedade. Os melhores do melhores são os que se recusam a prosseguir viagem enquanto não reaverem o lugar que lhes pertence. Raramente é preciso chamar uma autoridade e chega-se a um acordo, ali na hora, sem grande aparato. E o que mais me incomoda, (para além de quase tudo, incluindo as casas de banho, que são de todos e não são de ninguém e que não me atrevo, por isso, a visitar) é o funcionário, para cima e para baixo, com cara hostil, a justificar a utilidade, pouca claro.

Queixo-me de andar muito de comboio, é verdade. Pensando bem, acho que afinal, nunca estou fora do “comboio”.


domingo, 18 de setembro de 2011

A - olha…dá-me uma ideia. Tenho de fazer uma biografia sobre uma personagem histórica mas que não seja muito conhecida...

D - huum... não conheço nenhuma.

bons egoístas e os outros

Está acomodado com o próprio silêncio onde julga estar, para sempre, livre de oscilações e seguro de julgamentos. Em vez de alívio, isso vale-lhe remorso e hesitação permanente, envolto de inércia e desperdícios. O egoísmo, tão espontâneo e útil na distribuição eficiente de desejos, foi distorcido, sem querer, a cada dia e o bem a alcançar para própria satisfação foi adiado e remetido para o frívolo imaginário.

Não há nenhum mistério para esta inacção…tem uma explicação muito simples. Primeiro, a escala de valores em que se revia não se confirmava em nenhum exemplar real. Nessa altura o sujeito variava entre a indiferença e a náusea face às alternativas. Num segundo e inesperado momento ele deparou-se com a resposta ao seu interesse racional e sabia que não precisava de opiniões…estava confirmada para ele a existência do seu ansiado complemento, do valor mais alto que o faz de imediato repensar a sua condição e abrir a excepção, apreciar a singularidade da sua descoberta e o quebrar com a indiferença que tinha seguido até então.

Perfazia-lhe plenamente a auto-estima e agora, essa simpatia como reacção ao reconhecimento dos valores que procurava, a vontade racional de querer proteger o bem maior, a necessidade de encontrar nele satisfação própria e fonte de auto-estima… todos estes elementos ficam imobilizados. O que poderá justificar essa debilidade final? É repensar reacções, calcular demasiado custos e benefícios e fechar as acções numa rotina de ansiedade mental, de medo de fracasso. É já ter algo menor mas desejar replicar por algo maior, deitando o menor a perder. A comunicação tudo nos trouxe…é paradoxal que tantas vezes embarace e seja tão insuficiente ou pouco ágil. Como o próprio sujeito, também fraco, pouco apto à competição entre os mais fortes ou, melhor dizendo, aos mais adaptados.

Love and friendship are profoundly personal, selfish values: love is na expression and assertion of self-esteem, a response to one’s own values in the person of another. One gains a profoundly personal, selfish joy from the mere existence of the person one loves.

Não declarar abertamente o que quer não é egoísmo, mesmo que alguém tente julgar que aquele que o faz quer proteger-se da humilhação e sentir-se seguro num cenário exclusivamente idealizado. Não declarar o que sente na ordem das prioridades pessoais é prejudicar-se a si próprio ao paralisar a capacidade de escolher e avançar, de perder ou de sair compensado. É assumir a aversão ao risco. Ao esconder-se sacrifica a felicidade pois perde o valor maior e remedeia-se com o resto. Quem o faz comete um acto de irresponsabilidade por ser incapaz de perseguir contra todos os desejos secundários, aquele que lhe valeria a satisfação total. E por esse desperdício deve considerar-se culpado somente ele próprio, apesar de não faltarem pressões alheias que o acobardaram e que se enumeram, com facilidade, a cada lamentação de arrependimento. É a ideia de viver para sempre com essa culpa que assusta a cada dia e consome a força de falar mas prende também a coragem e a habilidade de lutar por aquilo que já encontrámos mas que hesitamos em dizer que procurávamos.

Remember that values are that which one acts to gain and/or keep, and that one’s own happiness has to be achieved by one’s own effort. Since one’s own happiness is the moral purpose of one’s life, the man who fails to achieve it because of his own default, because of his failure to fight for it, is morally guilty.



(citações: Ayn Rand – THE VIRTUE OF SELFISHNESS)

terça-feira, 6 de setembro de 2011

And in the darkened underpass
I thought "Oh God, my chance has come at last"
But then a strange fear gripped me
And I just couldn't ask

Morrissey

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

da espontânea e pacífica convivência multicultural

Considerações a reter depois de uma longa e perturbadora exposição a imagens de violência animalesca, empreendida em total alheamento por qualquer norma social de convivência e por um mínimo de contenção e sensibilidade face à violação das liberdades de outros indivíduos.

Há exemplares da raça humana que após ultrapassarem a fase destinada ao acatamento de códigos de conduta e do desenvolvimento de uma estima pela razão e pela maturidade das decisões, já pouco conseguem reter, ficando à mercê da tão indesejável mas inevitável coerção como forma de manter intacta a construção pessoal de cada um dos outros elementos independentes da comunidade. Em grande parte, evidencia-se um legado genético, que acredito ser muito mais determinante a nível dos instintos do que a educação que raramente altera de forma drástica e permanente as tendências naturais de cada indivíduo. Esses instintos não encontram nenhuma repulsa pessoal ou sentimento de culpa como punição que actue como factor dissuasão do próprio, podendo passar pela sensação de domínio e invencibilidade, concentração de atenções e constrangimento da normalidade através do inculcamento de medo nos outros. A sensação de poder exigir as resoluções a uma fonte externa, inesgotável e geradora de riqueza a partir do nada; o instinto parasitário. Uma chantagem social e criminosa que exige direitos sem precisar de assumir responsabilidades. O descompromisso total na própria conservação e o empenho no depauperamento dos outros é da mais genuína despersonalização. É intuitivo que participação em acções criminosas revela-se prejudicial tanto para as vítimas como para o criminoso; algo não tão intuitivo e que poucos reconhecem é o facto do prejuízo que recaí sobre o criminoso derivar da traiçoeira clarificação da soberania individual empossada. A delimitação entre a fase de dependente, sob tutela dos responsáveis, e a fase do assumir da responsabilidade efectiva pelas consequências dos próprios actos fica marcada no momento em que se assumem com autonomia da escolha e a inflexibilidade dos propósitos.

Enquanto se alastra a reprodução destes comportamentos fáceis e proveitosos à satisfação dos anseios mais básicos e efémeros de qualquer sujeito, jamais preocupados com a realização pessoal, com a aceitação dos factos, conquista de soluções pela via da espontaneidade e esforço pessoal…a preocupação, lamentavelmente, não tem sido extinguir as ilusões e os incentivos à sua perpetuação mas antes a total abordagem ao lado do problema. Ignoram-se nichos de criminalidade, tolera-se a formação de guetos, reprimem-se discussões abertas sobre a integração da imigração, cede-se à pressão mediática de apoiar os fracos, adia-se o confronto com a força das cisões identitárias. A comunidade fica refém da delicadeza eleitoral, do projecto irresponsável de amalgamar diversidades e à inoperacionalidade da resposta soma-se a ausência de meios de auto-defesa. Admitir que os indivíduos têm pleno direito à propriedade é vão e contraditório se não estiver reconhecido e garantido o direito de a defender contra invasões. A forma mais proporcional de retaliar as violações de propriedade e da totalidade da vítima, é ser a própria a apontar a dimensão dos seus prejuízos e a tentar minimizar de imediato, cessando a ameaça na proximidade e com maior eficiência na alocação de meios. Inclui-se, logicamente, a possibilidade de cada um conferir a sua capacidade de protecção à agência de protecção que preferir, passando também pelas forças de segurança estatais, desde que esteja sempre presente a noção de proporcionalidade direccionada apenas aos criminosos, os que rejeitam eles mesmos, parte da sua liberdade. Ficaram destituídos da parte da liberdade que despojaram às suas vítimas.

There is all the world of distinction in kind between aggressive violence assault or theft-against another, and the use of violence to defend oneself and one's property against such aggression. Aggressive violence is criminal and unjust; defensive violence is perfectly just and proper; the former invades the rights of person and property, the latter defends against such invasion. - Rothbard

Após dialogar com várias e de ler outras tantas, estou seriamente a ponderar dividir as pessoas em duas categorias. Em primeiro reservo a categoria de 1ª às pessoas que reagem com choque sincero à violação das liberdades individuais e ao apedrejamento tão súbito e cruel das materializações daqueles que souberam mobilizar as forças para erguer o que outrora idealizaram. Em 2ª categoria incluirei: os complacentes com a violência; os criativamente distantes que instrumentalizam o pânico como objecto de estudos e que têm tanto de inúteis como de originais e insolentes; os engenhocas de novos planos de prevenção e reabilitação que custam, invariavelmente, os olhos da cara às vítimas; os sociólogos que fazem da conservação da espécie delinquente o seu “ganha pão”; os unicamente parvinhos que absorvem o entusiasmo e reproduzem os actos pela imitação; os bélicos que aproveitam a desordem para inflamar ainda mais o desejo de retaliação e de pulso forte do monopólio da força indiscriminado; os jornalistas que pactuam com todos os referidos por falta de discernimento e pressa na apresentação do produto; os silenciosos que desejam intimamente não ter de emitir opinião pois sabem que alimentaram as sementes do problema com a mesma indiferença com que agora se calam; os incendiários; os voluntariamente analfabetos; os revolucionários de beco; os revolucionários de sofá; os extremistas de direita e de esquerda e das diagonais que se aproveitam superficialmente destas ocorrências para fazerem valer os seus enunciados bacocos…

O que impressiona mais? Assistir à fria, rudimentar e descarada forma de incursão e roubo ou perceber que uma parte significativa da opinião pública reage com alguma benevolência e que o choque que deveria repelir estas demonstrações de desumanização é substituído por uma nebulosa argumentação no sentido de posicionar estas ocorrências assentes num suposto alicerce plausível em que os culpados serão as vítimas e vice-versa. Tudo isto deve ter sido um enorme equívoco. Às tantas nem existem ódios latentes, nem invejas sociais, nem ânsia de saque da riqueza alheia, nem insensibilidade pelo espaço dos outros, nem carência de moralidade própria, nem projectos públicos a criar um efeito tampão para escamotear antagonismos, assim como também não existem adolescentes independentes conscientes dos danos que causam., pois devem ser frágeis criaturas, vítimas de políticas de austeridade, sem noção das repercussões dos seus actos e como tal, precisam de tolerância, meiguice, perdão e reabilitação.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Defense

David: We draw a magic circle and shut out everything that doesn't agree with our secret games. Each time life breaks the circle, the games turn grey and ridiculous. Then we draw a new circle and build a new defense.

Karin
: Poor little daddy.

David
: Yes, poor little daddy, forced to live in reality.

Såsom i en spegel (1961), Bergman

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Sonhar Acordado

Aquele acto semiconsciente de sonhar acordado ou de construir cenários antes de adormecer para entreter a mente pode revelar-se mais fastigante que o sonho que tem lugar a meio do sono, com a independência somada ao absurdo e perplexidade deixados no seu rasto, gradualmente apagado. Sonhar acordado implica intenção de complementar os factos palpáveis da nossa vida com os caprichos concebidos sem oposições ou riscos. Os sinais que os outros agentes nos dirigem funcionam como incentivos à ampliação de intenções a nossa favor e nessa projecção óptima fazemos crescer a confusão de que somos autores e reféns.
A fronteira entre a espectativa e a realidade é mais ou menos ténue, conforme os elementos (que manipulamos mentalmente para nos satisfazer o mais sincero querer), estejam mais próximos ou mais distantes de nós. Se incluímos no sonho algo que sempre nos foi alheio e sempre será, sonhamos por divertimento e os danos não são significativos porque nunca acreditámos seriamente na sua realização. Por outro lado, se incluímos elementos que são uma parte fundamental da nossa vida, tal qual ela é, e os cruzamos mentalmente a nosso bel-prazer, com iniciativa e vontade, interiorizando repetidamente, fazem parte da rotina e a concretização parece estar a um pequeno passo… o remorso e a desilusão serão arrasadores.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

The Smiths - This Night Has Opened My Eyes



You kicked and cried like a bullied child
A grown man of twenty-five
Oh, he said he'd cure your ills
But he didn't and he never will
Oh, save your life
Because you've only got one

terça-feira, 26 de julho de 2011

Acaso

As emoções tornam tão irrepetível tudo o que vivemos que, depois de vividos, todos os acontecimentos... «já eram». Isto é, por mais que os tentemos descrever, deixam de ser, exactamente, como os vivemos e, por isso, tornam-se... mentira. - Eduardo Sá

É um pouco vago e insatisfatório ouvirmos alguém responder-nos que o tempo traz o que tanto ansiamos. Dizem que "é preciso ter paciência porque o que tem de ser, será". É mais fácil entender a vida como um percurso que se acumula de êxitos conforme a habilidade das nossas escolhas e então somos donos do nosso destino. Somos de facto… mas os efeitos das nossas escolhas é que são incontroláveis e nunca saberemos o que desperdiçámos se tivéssemos optado por outras alternativas.


Só ganhamos respeito pela possibilidade de algo na vida não ser por acaso quando o mais improvável acaso nos preenche a vida com insondáveis dádivas. Descrever aquilo que vivemos implica um esforço que se mostra inútil tanto para nós, que tentamos remontar ao passado para compreender a real dimensão do que a nós se proporcionou, como para os outros que, provavelmente, não prestarão a atenção que o facto merece. Ter pensado como era aborrecido, não vinha nada a calhar, não era o que planeara, iria perder algum tempo que me era imprescindível, exigiria depois um esforço compensatório por tomar um caminho que não estava previsto, era uma irregularidade, um corpo estranho ali. Por cortesia ou obrigação, um pouco de não intencional cinismo, adaptação e uma simpatia perto da indiferença. Num esforço por atender a um imprevisto que não atrai à primeira impressão, ceder, acabou por ser a decisão. Muito fácil é virar as costas quando corpo e mente têm preguiça de fazer algo que não tinha sido programado e interiorizado mentalmente. Recordar a pouca vontade que esteve envolvida na decisão do passado que quase nos separou de uma mudança que nos deu tanto até ao presente deixa-nos numa meditação que não oferece resposta racional. Valorizam-se os mais insignificantes momentos quando, ao fim de algum tempo, notamos que estamos confortavelmente cercados com tudo o que esse momento no trouxe.

Há coisas que não exigem técnica e experiência, não há como calcular, prever, não se atinge por perícia; essas coisas acontecem no ambiente mais irreflectido e improvável. Não há forma de aprender a estar no sítio certo, à hora certa, simplesmente acertamos. E ao pensar agora na penúria que a vida seria, se despojada de tudo o que passámos a incluir desde aquele momento até então… fica um pesado silêncio de respeito perante o incontrovável que dá a reviravolta e apaga a memória do que estava antes, de tão insignicante e vazio que era. Pensar que poderíamos nunca ter correspondido à mudança de trajecto e aí, tudo… quase tudo, seria completamente diferente. É inconcebível e penoso demais para sequer pensar nisso. Ainda bem que estas coisas acontecem.

Desresponsabilizados e Indomáveis

A desresponsabilização individual tem as suas aparições diárias em toda a parte. Pensemos em alguns exemplos vulgares. Se a máquina do café na empresa avariou enquanto eu a usava, melhor fugir e não assumir a culpa. Se já tinha prestado atenção naquela fuga de água que andava a apodrecer os alicerces do prédio mas tolerei porque o senhorio me propôs um desconto para contar com a minha confiança e discrição. Se um projecto foi chumbado à conta da minha completa incompetência e desleixo mas, curiosamente, o avaliador não goza de grande empatia junto da maior parte das pessoas, posso maximizar a inimizade em torno dele para desfocalizar dos meus insucessos. Se tenho um eucaliptal que pouco, ou nada, significa para mim e do qual não extraio quaisquer benefícios mas, por acaso, foi consumido por um incêndio que deixei alastrar, não procurei travar para que os danos causados correspondessem a alguma futura compensação.


Bem…em todos estes casos compreende-se a ânsia pela fuga à responsabilidade, a tentação de não ser inteiramente honesto, o vislumbre de ganhos à custa de terceiros, a atribuição de culpas a um inimigo imaginário, despreocupação em relação ao esforço que os outros terão de mobilizar para pagar pelos nossos erros, a justificação à custa de agentes alheios à ocorrência, omissão de fracassos pessoais e a beatificação da falta de escrúpulos.

Surge então o contentamento em virtude daquele desenrasque forjado e o indivíduo em causa, o designado estúpido, congratula-se por conseguir fintar os outros e falsear a realidade. Esta espécie empenha-se também em assumir uma postura convicente no contexto da ocorrência e chega a convencer-se a ele próprio. Pode ser bastante doloroso observar esta mal disfarçada estupidez tão à descarada mas o cenário pode ficar ainda pior. Se estas atitudes são insuportáveis quando observadas num só indivídio, imaginemos agora isto multiplicado por muitos…centenas, milhares. Todo um agregado de gente puramente estúpida, fielmente desinteressada em compreender a orgânica dos problemas, especialistas da abstracção , num escape esturpecedor, por vezes patriota, extasiante das emoções que atropela a razão, a responsabilidade e qualquer código de conduta própria.

Este grupo de estúpidos vai actuar ao ritmo do plano intencional de desresponsabilização unida e coordenada pela propaganda que lhe apela à sensação de excepcionalidade e intocabilidade, ao patriotismo inabalável em posição de eterna vítima das forças externas. O ideal seria a agressividade desta imagem ficar reservada ao imaginário mas conviver com uma maioria normalizada segundo este padrão é um pesadelo sem aparente retrocesso à vista. Quanto mais estúpido é o indivíduo, mas entusista se revela por alguma massa falaciosa que lhe remata as lacunas mentais. Como se não bastasse a dor de ver o ser humano ser estúpido, que é uma coisa que desperta algum misto de sentimento nos poucos que não alinham na estupidez, a grande desvantagem disto tudo é ter de pagar a conta no fim da festa.

domingo, 8 de maio de 2011

" É todo de esquerda comunista, todo sindicalista e tal...
mas depois a falar ainda hoje com ele de uma conhecida quinta estar à venda até se regala de falar dos títulos de Condes Duques e Duquesas e dos outros (povo) que antes é que sabiam o que era trabalhar nas quintas desses senhores de sol a sol.
Pertence ao grupo dos que tem orgulho em pertencer a um país de cultura atrasada, mesquinha, conformista, resignada e do "deixa andar". Aqui ainda se pensava em encher a salgadeira enquanto noutros países se ia escolher o frigorífico. Outros já há muito pensam em bens de primeira necessidade que para alguns de cá ainda hoje (infelizmente) são um luxo.
Mas claro... quem acabou com a salgadeiras e a tradicional e bonita tradição do porco e a respectiva economia a essa tradição associada para a trocar por uma marca chamada "LG" de máquinas e tecnologia que levou as pessoas a comprarem frigoríficos é que esta mal."


Marco Silva

sábado, 30 de abril de 2011

Regina Spektor - Genius Next Door



If you just hold in your breath til you come back up in full
Hold in your breath til you thought it through, you foolish child…

quarta-feira, 27 de abril de 2011

D: *vou escrever a ideia de forma mais simples
*da praça :P

I: *mete carapau nisso!

M: *eheh, pensa como se fosses o Portas a perguntar isso às peixeiras xD aaha não resisti

D: *Se matar é assim tão cruel, porque mata também o Estado e de forma tão planeada e com base nas suas próprias leis?
*como era a frase das legislativas?
*vítimas, criminosos...porque é que os criminosos ...

I: são eleitos?

domingo, 24 de abril de 2011

os teus julgamentos sempre foram loucos

Não enganas quem te anda a fitar desde que começaste essa tua prosa de pretensão profética. Esta a mais baixa das criaturas e quanto mais circundas o poder com ânsia de reconhecimento mais se patenteia na tua expressão, a hipocrisia que soava suportável noutro tempo. Num tempo em que o tempo não corria atrás de ti, exigindo-te a resposta e a posição pela qual extrangulas agora a tua própria alma. A tua alma que identificas e elogias, com a qual enches as frases, essa alma está a ter um preço, um baixo preço. Nunca pensaste que pisar os que te faziam frente fosse o caminho para te vergares em vez de subires, fazendo deles um degrau. A vergonha não te chega a lavar a face, desprezível face que aparenta calma no julgamento à inteligência alheia. A confusão pela tua estreiteza moral, pela tua moralidade estreita mas afiada e arrogante. É repugnante lembrar, reparar, entender-te, interpretar o teu calculismo tão malévolo, a tua desonestidade na presença de em círculos de escárnio. Humilhaste os teus para exibires uma humanidade que nunca hás-de almejar. Cuspiste no Ser que te vanglorias de conhecer e respeitar. Hoje és a imagem do desespero de ideias, da ânsia de reconhecimento, da reviravolta abrupta. Emites frases que te ficam tão mal como artificiais, imitando mal e porcamente os que zombaste. Nunca irás reconhecer a triste figura que fizeste pois custa tanto dar a razão e admitir a fraqueza dos nossos fanatismos isentos de base sustentável mas tão efusivamente apunhalados nos outros. O que dizes agora não autêntico porque nunca foste também no passado, jamais tiveste autenticidade, só forjada e ousando acusar os outros da miséria de carácter em que em ti próprio conhecias. Ainda assim o perdão e indiferença dos que te entendem e minimizam é o que mais te pode envergonhar e isso basta-me para não me enojar mais.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Deixei de dizer que tinha problemas de concentração quando notei o quão concentrada estava naquilo que satisfazia honestamente a minha atenção. Horas e horas concentrada para meu único benefício. Desconcentrar-me só é mau quando deixo de pensar repetidamente com o máximo foco nas minhas inclinações e passo a afastar-me inamovível e contrariada, rumo ao enfado que me impingem.

Quem ousar acusar-me de ser uma pessoa desconcentrada, não me conhece...ficaria assustado se conhecesse.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

"Every election is a sort of advance auction sale of stolen goods."

H. L. Mencken


P.S: I confess, for my part, that it greatly delights me. I enjoy democracy immensely. It is incomparably idiotic, and hence incomparably amusing. Does it exalt dunderheads, cowards, trimmers, frauds, cads? Then the pain of seeing them go up is balanced and obliterated by the joy of seeing them come down. Is it inordinately wasteful, extravagant, dishonest? Then so is every other form of government: all alike are enemies to laborious and virtuous men.

H. L. Mencken