quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Infiel

A infidelidade é a causa de toda a destruição porque é o oposto do amor. O amor não é um bem-estar ambíguo nem uma satisfação intermitente. O amor é testado na partilha e não é calculista. O amor fortalece-se na entrega a quem amamos e não estabelece condições nem é travado por caprichos.

A infidelidade é a completa inversão do amor. É o “eu” exaltado ao extremo. É a habilidade para explorar os outros em benefício próprio sem a mais tímida compaixão. É adormecer e acordar sem memória nem pesar É a habilidade da coordenação de interesses, cinismos e falsos cavalheirismos sádicos. É uma ingratidão descarada que enjeita o coração de quem se deu todo e incondicionalmente. 

É a traição que procura uma aventura diferente dia-a-dia enquanto esfaqueia a esperança e o amor dado, condenando o outro ao encarceramento numa humilhação que consome a alma sem termo à vista. A infidelidade é a idolatria do indivíduo na sua podridão solitária em que mais tarde será corroído por não saber amar. 

É um golpe forte que custa a aliviar mas que pode elucidar-nos de forma indescritível e inesquecível do que sente Aquele que amou o mundo sem pedir nada em troca. Aquilo que Ele sente cada vez que é enjeitado por aqueles que O trocam pelas vulgaridades terrenas. Uma traição entre os homens pode ser a lição dolorosa que muitos precisamos receber para nos envergonharmos da miséria humana em que toda a gratidão e entrega são fracas perante tal misericórdia. Às vezes parece que andamos aqui a brincar. Ingratos.