sábado, 28 de agosto de 2010

But please tell me who I am, who I am


When I was young
It seemed that life was so wonderful
A miracle, oh it was beautiful, magical
And all the birds in the trees
Well they'd be singing so happily
Oh joyfully, oh playfully watching me
But then they sent me away
To teach me how to be sensible
Logical, oh responsible, practical
And they showed me a world
Where I could be so dependable
Oh clinical, oh intellectual, cynical

There are times when all the world's asleep
The questions run too deep
For such a simple man
Won't you please, please tell me what we've learned
I know it sounds absurd
But please tell me who I am

Now watch what you say
Or they'll be calling you a radical
A liberal, oh fanatical, criminal
Oh won't you sign up your name
We'd like to feel you're
Acceptable, respectable, oh presentable, a vegetable

The Logical Song, Supertramp

I'm Through With Love - Jane Monheit

Para que me fique bem claro e ninguém entenda

Acho insuficiente, pouco, nada, resquícios de tempo sumido.

Passa a sufocante, indescritível, um querer intransponível, inconfessável por previsível descrédito a receber, incipiente compreensão e negligente partilha…

Fora mal revelada, inacabada, uma desonestidade despretensiosa, verdade abatida, fugaz, perdida.

Ficara o insondável vazio no espaço, o perpétuo conforto ficcionado na sucessão das desistências. Maquinação cerebral devastadora. Intromissão orgânica subsistente, omnipresença ilegal, receptividade ao auto-engano que lhe furta a alma.

Não haverá regresso ao sítio certo que lhe fugiu. Culpa de quem o ergueu? Efémero vislumbre, mal de quem o perdeu. Não há retoma à rota dos não anunciados. Intempérie dos cerrados punhos e grilhões que incomodam como o não ver nada novo perante a face insaciada.

Ainda que incomodem, persistem. Os omitidos e acelerados mitos da mente. Um cárcere imaginário e regenerador de memórias venturosas, poucas, de recalcamentos tormentosos, muitos. A dose compensatória da imaginação, aliada à confissão consecutiva e exaustiva dos fracassos. Lamentável idealidade que repercute no devaneio de gueto. A repetida melodia que ecoa sozinha, sublimemente composta, e perfaz todo o resto que faltou, numa compensação incompleta mas árdua de sol a sol.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

The Go-Betweens - Finding you

Don't know where I'm going
Don't know where it's flowing
But I know it's finding you

But then the lightning finds us
Burns away our kindness
We can't find a place to hide
Come the rainy season
Surrender to our treasons
Can we even find our tears?

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Para os Tomés de Portugal


Para quem precisa de relatórios para descobrir que lhe estão a tapar o sol com uma peneira, para os mais teimosos que não aceitam "larachas" (esta foi para ti, tu sabes). Fica aqui um excerto de um relatório com a nossa realidade vista de fora (são sempre os relatórios mais interessantes e, no caso português, são a única esperança de ouvir comentários credíveis e, até certo ponto, livres de enviesamentos e favoritismos internos).

However, government weight (46.5% of GDP in 2008 and rising), imbalances, bureaucracy and tax policy, manifesting themselves in cumbersome labour laws, high taxes and lengthy cases, threaten any economic recovery, even when the European markets recover. Although some measures have been approved, and a major report was produced on the problems and respective solutions for the fiscal apparatus, the apparent lack of political will signals that a major plan to tackle the issues, though highly needed, is not likely in the immediate future. Portuguese best hope is that the crisis will force the government into action.

Institut de Recherches Économiques et Fiscales

O panorama fiscal e a competitividade em Portugal

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Véspera de Despertar

Cada vez que o meu propósito se ergueu, por influência de meus sonhos, acima do nível quotidiano da minha vida, e um momento me senti alto, como a criança num baloiço, cada vez dessas tive que descer como ela ao jardim municipal, e conhecer a minha derrota sem bandeiras levadas para a guerra nem espada que houvesse força para desembainhar.

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Foi-se hoje embora, diz-se que definitivamente, para a terra que é natal dele, o chamado moço do escritório, aquele mesmo homem que tenho estado habituado a considerar como parte desta casa humana, e, portanto, como parte de mim e do mundo que é meu. Foi-se hoje embora. No corredor, encontrando-nos casuais para a surpresa esperada da despedida, dei-lhe eu um abraço timidamente retribuído, e tive contra-alma bastante para não chorar, como, em meu coração, desejavam sem mim meus olhos quentes.

Cada coisa que foi nossa, ainda que só pelos acidentes do convívio ou da visão, porque foi nossa se torna nós. O que se partiu hoje, pois, para uma terra galega que ignoro, não foi, para mim, o moço do escritório: foi uma parte vital, porque visual e humana, da substância da minha vida. Fui hoje diminuído.

Já não sou bem o mesmo. O moço do escritório foi-se embora. Tudo que se passa no onde vivemos é em nós que se passa. Tudo que cessa no que vemos é em nós que cessa. Tudo que foi, se o vimos quando era, é de nós que foi tirado quando se partiu. O moço do escritório foi-se embora.

Fernando Pessoa, O Livro do Desassossego

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Motivações Coerentes de Alguma Esquerda

Via: O Cachimbo de Magritte

As proposições que se seguem são uma lista avulsa de algumas das «posições» que são muito comuns aos entes de esquerda à entrada da segunda década do século XXI. Não precisa de as subscrever todas; mesmo porque, verá, se subscrever uma multiplazinha (duas seguidas, por exemplo), é muito provável que subscreva uma grande quantidade, talvez mesmo a maioria, senão a totalidade. Isto não é um sistema, como disse, mas tem um pouco a estrutura do cacho: puxa uma e caem várias. A partir da segunda pode estar quase certo e comunicar ao seu ente mais querido: «sou um ente (estou a evitar a armadilha do género) de esquerda».

- Diabolizo os mercados financeiros;
- Advogo um Estado que vive estruturalmente da emissão de dívida;
- Sou contra a discriminação dos gays;
- Flirto com o islamismo (que criminaliza os de cima);
- Sou absolutamente relativista;
- Julgo que a cultura europeia é irremediavelmente branca, falocêntrica e, portanto, racista, sexista (não sobrevive à desconstrução);
- Sou feminista sem concessões;
- Defendo a burka e o niqab;
- Tenho uma visão da história completamente a-histórica: o pecado irremissível do homem branco, para resumir;
- Considero que o comunismo cometeu alguns excessos, mas é preciso contextualizá-los (no fundo, sou um comunista hormonal);
- Tenho pavor a qualquer veleidade de existência pública de vida religiosa;
- Oponho-me a qualquer limitação da prática do islamismo (islamofobia!);
- Sou pela autodeterminação dos povos;
- Oponho-me (mesmo que muitas vezes evite dizê-lo, é uma questão táctica...) à existência de Israel (os judeus nunca existiram e, portanto, não têm nada que se autodeterminar);
- Sou, em geral, pacifista;
- Compreendo o terrorismo (é preciso estudar as suas causas profundas);
- Converti-me à democracia (liberal? Burguesa?), mas sem exageros;
- Chavez, Morales, Lula e as suas amizades com torcionários são tudo casos que se «compreendem» muito bem;
- Gosto de Obama; de Paul Krugman (é um bloguer fantástico!), de Stieglitz (alternativamente: de Michael Moore, Noam Chomsky e outros génios assim);
- Só a menção da palavra «América» dá-me brotoeja;

E, por fim,- Sou a favor da liberalização das drogas;- Oponho-me ao sal no pão, às bolas de Berlim na praia, à ginginha no Rossio, e outras javardices populares do género.

Cavalo à Solta - Mafalda Arnauth

Inigualável Ary dos Santos. O resto é conversa...



Minha laranja amarga e doce
Meu poema feito de gomos de saudade
Minha pena pesada e leve
Secreta e pura
Minha passagem para o breve
Breve instante da loucura
Minha ousadia, meu galope, minha rédia,
Meu potro doido, minha chama,
Minha réstia de luz intensa, de voz aberta
Minha denúncia do que pensa
Do que sente a gente certa
Em ti respiro, em ti eu provo
Por ti consigo esta força que de novo
Em ti persigo, em ti percorro
Cavalo à solta pela margem do teu corpo
Minha alegria, minha amargura,
Minha coragem de correr contra a ternura
Minha laranja amarga e doce
Minha espada, meu poema feito de dois gumes
Tudo ou nada
Por ti renego, por ti aceito
Este corcel que não sussego
À desfilada no meu peito
Por isso digo canção castigo
Amêndoa, travo, corpo, alma
Amante, amigo
Por isso canto, por isso digo
Alpendre, casa, cama, arca do meu trigo
Minha alegria, minha amargura
Minha coragem de correr contra a ternura
Minha ousadia, minha aventura
Minha coragem de correr contra a ternura

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Berradeiro desactualizado

É por gostar de ser chata, incoveniente e por rejubilar quando reúno pormenores sacanas e demonstrações factuais esquecidas, escondidas ou negligenciadas que gosto sempre de voltar com conversas que não estão na ordem do dia. Não que eu fique obcecada quando não levo a minha avante e fique a roer nos assuntos até encontrar algo espectacular que me dê alguma razão ou a razão toda mas simplesmente na tentativa de aproveitar quando a poeira baixa e quando a berraria da esquerdalha omnisensibilitas, supra-condescendente e liberto-matadora, pau-pra toda a moca, descansa depois de explorar as prioridades gritantes da sociedade civil e de esgotar algumas das batalhas que encabeça.

Quem diz a berraria da esquerdalha, diz também a berraria da facção que vive numa vida azul, verde, com gotas de orvalho e papoilas e que se faz representar, nomeadamente pelo partido Portugal Pró Vida, o qual eu deduzo que proponha alternativas originais como a Viver a Vida e outras multivariadas medidas muito abrangentes e sistemáticas. É a triste e arreigada mania portuguesa de restringir a representação de interesses pela criação de partidos políticos "por dá cá aquela palha" em vez de se livrarem de preconceitos ignorantes e de assumirem lobby's. Mas adiante.

Passou o choque de ocasião dos mais recatados nos costumes e passou também a histeria daqueles que tinham a banalização do aborto como estandarte de uma mulher não-conformista, "livre", (dona de si, independente, teimosa, do "quem manda aqui no meu sou eu", do "tira a mão", do "fiz tudo sozinha",) e que apimentava esta visão de vanguarda ética com pinceladas emotivas de estupro que pareciam sugerir Portugal como berço da profanação adolescente e dos remediados sem escolha ou à beira da risco de vida materna. Era urgente legislar portanto, porque esta gente só respira se existir uma lei a autorizar tal acção. Agora sim, o nosso país parece ser um calmo e agradável nicho de procriação desejada e que caminha nas veredas do planeamento familiar rumo aos partos plenos de alegria.

Esqueçamos as imagens de estupro que vitimavam as jovens portuguesas (deviam ser centenas, calculo) e esqueçam a ideia de um Portugal analfabeto que realiza abortos num sítio todo badalhoco sem condições nenhumas, como ironizava o Gato Fedorento na famosa imitação de Marcelo Revelo de Sousa. O que aqui apresento, passado o tempo dos sensacionalismos bem engendrados, passada a sensibilização do povo português e concretizado o objectivo final: realização de mortes assistidas em estabelecimentos públicos à conta dos contribuintes (até dos mais religiosos), é o perfil da prática recorrente no quotidiano normalizado. Temos então senhoras, maioritariamente, com idades compreendidas entre os 20 e os 40 (longe vai a adolescência), com altos níveis de escolaridade (consideráveis vá) e que apresentam como justificação à interrupção o motivo "por opção da mulher". Com esta lei a mulher pode abortar porque sim! Pode abortar porque sim! Vou ao cinema, olha está esgotado, vou abortar.

É por abundarem estas discrepâncias entre argumentos na praça pública e as práticas reais dos realmente interessados que o preferível nestes momentos é não pactuar com debates acessos e manter uma opinião contida e céptica. Resta gozar com grande parte dos mais entusiastas mais exacerbados e com os parvos facilmente convencidos que repetem a argumentação por tópicos numerados e doutrinalmente memorizados.

Fonte: Relatório dos Registos das Interrupções da Gravidez, 1º semestre de 2009. Direcção Geral de Saúde . (Mas quem é que tem paciência para ir ler isto?)

Todos merecemos uma segunda oportunidade, e tal. Sobretudo se tivermos alguém que nos pague a conta.

Imigração ou Turismo?


Lamentável. Pobres aqueles que transportam na sua bagagem os sonhos de uma vida melhor nas terras lusas. O título é por si só uma grande ironia do destino.

Acabo de ler no ionline uma notícia publicada, no passado dia 6 de Agosto e, ainda assim, vem fresquinha. Os imigrantes que queiram sair de Portugal vão ter a partir de agora mais apoios do governo, através do Programa de Retorno Voluntário, cujo objectivo é ajudar os cidadãos de nacionalidade estrangeira a regressar ao país de origem ou a outro Estado disposto a recebê-lo.

Por falar em imigração. Curiosamente, dei por concluído (livrei-me definitivamente), no passado fim de semana, um pequeno trabalho de investigação com o qual tive irremediavelmente a obrigação de despender alguns dias espaçados no tempo, ou não fosse o meu tema uma aventura de curiosos, enfadonha e singular na sua irrelevância científica. Talvez o resultado final até tenha alguma qualidade que não seria expectável mas algo que não é feito com plena vontade e prazer é raro passar-me nas vistas em apreciação demorada. Verificação final de olhos fechados, empacotar e...longe da vista para toda a eternidade. Mas eu não queria vir explanar sobre as minhas frustrações académicas e sobre os documentos ostracizados que já se despediram da minha reciclagem numa qualquer purga recente.

O meu precioso trabalho tinha como tema: A Integração da Imigração Paquistanesa em Portugal. A náusea já não podia ser pequena, depois de teclar dezenas de vezes a palavra integração e outras semelhantes, depois de interiorizar, mastigar e arremessar com insistência ideias carregadinhas de multi-culturalismo prudente e lindo (como se gosta), de descomplicar tensões, orientar o meu discurso para a harmonia desejável entre sociedade civil e os novos imigrantes acolhidos e, (a cereja em cima do bolo), incutir ao Estado a responsabilidade de aproveitar este tímidos contributos académicos para conhecer a fundo a realidade que se predispõem a recolher entre seus limites nacionais limitados e assim conseguir pôr em curso políticas públicas adequadas. Não vale a pena frisar que, apesar da minha habilidade de "troca tintas" costumar ser até bastante generosa com os meus intentos, o meu trabalho final, desta vez, pouco tem a ver com a minha cara e acabou por fugir ao meu registo habitual, admito com tristeza.

E onde quero chegar com esta conversa? Bem, com certeza que já sentiram incerteza a meio de determinado trabalho teórico em que se apercebem que estão a escrever fluentemente grandes certezas sem ter o mínimo de confiança no que estão a afirmar. Acontece a todos, ás vezes até num simples post nos nossos blogues; escrevemos coisas de madrugada que nos parecem ilógicas e até vergonhosas na manhã seguinte porque até parece que a noite propicia o fundamentalismo e o nascer do sol revela o relativismo do nosso pensamento. E lá seguimos nós pelo dia fora a ocupar as horas seguintes, relembrando o que se amorteceu durante as horas de sono.
Estes casos sobre imigração favorecem este sentimento na cabeça de qualquer estudioso, principalmente a um estudioso que prefira dedicar-se a objectos mais concretos e com uma aplicação prática na realidade. Essa ideia de andar a tentar sistematizar a vida privada das pessoas não me convence e os fluxos migratórios não se limitam a traços mecânicos com motivações catalogáveis; é muito mais espontâneo do que isso e até, (desculpem se vos parece mal) muito mais bruto e instintivo. Vislumbro uma análise neste campo tão inútil que parece-me mais sensato deixá-la ao critério do senso comum, entre os horizontes apetecíveis e propícios à instalação no país de acolhimento e à mercê de reacções menos benévolas que tendem a surgir. Pois boa sorte, salve-se quem puder!

O caminho de regulação dos fluxos migratórios e da concessão de autorização de residência em função da questão do trabalho, por exemplo, levou a embaraços legislativos que levaram ao efeito contrário do planeado: mais burocratização dos processos, favorecendo a crescente entrada de estrangeiros pela via ilegal. Até para os mais altruístas benfeitores que legislam no nosso país, a tarefa de saber lidar com fenómenos destes e de haver ali uma inconsciência das possibilidades que se podem oferecer a quem chega e a quem fica, não se revela tão simples quanto isso. Com receio de ficar sobre-lotado, maquinando estratégias novas de escoamento ou por simples compaixão, aqui se demonstra o verdadeiro sentido do Estado. Uma medida que visa "incentivar o desenvolvimento dos países de origem dos imigrantes" Que forma airosa que os políticos encontram para dizer coisas desagradáveis como: vai mas é trabalhar para a tua terra!

O bilhete de avião e a atribuição de um subsídio para reintegração na nova comunidade, nos primeiros dias após a saída de Portugal são totalmente custeados pelo programa.
Só em 2009, saíram de Portugal 381 estrangeiros ao abrigo deste programa, tendo aumentado 9,8% em relação ao ano anterior, revelam os dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.

É por estas e por outras que uma pessoa como eu se sente apunhalada pelas costas ao pensar na idiotice que é sintetizar logicamente factos que ultrapassam o limite do imaginável e do razoável. Como deve ser lema num momento de pausa para férias, o melhor é não planear, deixar o tempo correr e logo se vê. Acho que em relação ao imigração deve ser essa a postura. Como não é suficientemente generoso acompanhar uma recepção condigna a estes recém-chegados, suportando muitos dos custos que a sua instalação comporta, vamos deixá-los usufruir por uns tempos do invejável potencial turístico de que Portugal dispõem e, mais tarde, oferecer a passagem de volta a casa, completamente à conta do dinheiro público. Isto sim é um incentivo ao fluxo de pessoas e ao multi-culturalismo.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Pump Up The Volume

Ano de Lançamento: 1990
Ano de Visionamento: 2010
Antes tarde que nunca. A mensagem não ficou estancada no tempo e soa-me até bastante actual. Identificar-me com este filme desde os primeiros minutos é a natural consequência da conjugação de: um vigoroso e estimulante desempenho de Christian Slater (no papel de locutor da rádio pirata); um desfilar sucessivo e incansável de frases lapidáveis e ousadamente genuínas (que eu pronunciaria num momento de inspiração semelhante à invejável de que Mark revela ser dotado); e uma banda sonora coerente e brutal que me agrada na íntegra e que envolve todo o filme, transmitindo uma contagiante e saudável necessidade de libertação individual. Não faltando também a recomendável dose de responsabilidade, claro.


- Mark Hunter: Always the same red paper, the same beautiful black writing. She's probably a lot like me, a legend in her own mind. Hehehehe. But you know what, I bet in real life she's probably not that wild. I bet she's kind of shy like so many of us briskly walking the halls, pretending to be late for some class, pretending to be distracted. Hey, poetry lady, are you really this cool? Are you out there? Are you listening?
- Nora: I'm always out here.

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- Mark Hunter: Talk hard, I like that. It's like a dirty thought in a nice clean mind.

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- Mark Hunter: 'Dear Harry, I think you're boring and obnoxious and have a high opinion of yourself.' Course some of you are probably thinking I sent this one to myself. 'I think school is okay if you just look at it right. I mean I like your music, but I really don't see why you can't be cheerful for one second.' I'll tell you since you asked. I just arrived in this stupid suburb. I have no friends, no money, no car, no license. And even if I did have a license all I can do is drive out to some stupid mall. Maybe if I'm lucky play some fucking video games, smoke a joint and get stupid. You see, there's nothing to do anymore. Everything decent's been done. All the great themes have been used up. Turned into theme parks. So I don't really find it exactly cheerful to be living in the middle of a totally, like, exhausted decade where there's nothing to look forward to and no one to look up to.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Morrissey - Let Me Kiss You



My daily dose of delightful songs...how I could survive without music?

There's a place in the sun for anyone
Who has the will
Chase one and I think I found mine
Yes I do believe I have found mine.
So, close your eyes
And think of someone you physically admire
And let me kiss you, oh.
Let me kiss you, oh.

Quem sabe o que é para si-mesmo


Durei horas incógnitas, momentos sucessivos sem relação, no passeio em que fui, de noite, à beira sozinha do mar. Todos os pensamentos, que têm feito viver homens, todas as emoções, que os homens têm deixado de viver, passaram por minha mente, como um resumo escuro da história, nessa minha meditação andada à beira-mar.

Sofri em mim, comigo, as aspirações de todas as eras, e comigo passearam, à beira ouvida do mar, os desassossegos de todos os tempos. O que os homens quiseram e não fizeram, o que mataram fazendo-o, o que as almas foram e ninguém disse – de tudo isto se formou a alma sensível com que passeei de noite à beira-mar. E o que os amantes estranharam no outro amante, o que a mulher ocultou sempre ao marido de quem é, o que a mãe pensa do filho que não teve, o que teve forma só num sorriso ou numa oportunidade, num tempo que não foi esse ou numa emoção que falta – tudo isso, no meu passeio à beira-mar, foi comigo e voltou comigo, e as ondas estorciam magnamente o acompanhamento que me fazia dormi-lo.


Somos quem não somos, e a vida é pronta e triste. O som das ondas à noite é um som da noite; e quantos o ouviram na própria alma, como a esperança constante que se desfaz no escuro com um som surdo de espuma funda! Que lágrimas choraram os que obtiveram, que lágrimas perderam os que conseguiram! E tudo isto, no passeio à beira-mar, se me tornou o segredo da noite e da confidência do abismo. Quantos somos! Quantos nos enganamos! Que mares soam em nós, na noite de sermos, pelas praias que nos sentimos nos alagamentos da emoção! Aquilo que se perdeu, aquilo que se deveria ter querido, aquilo que se obteve e satisfez por erro, o que amamos e perdemos e, depois de perder, vimos, amando por tê-lo perdido, que o não havíamos amado; o que julgávamos que pensávamos quando sentíamos; o que era uma memória e críamos que era uma emoção; e o mar todo, vindo lá, rumoroso e fresco, do grande fundo de toda a noite, a estuar fino na praia, no decurso nocturno do meu passeio à beira-mar...

Quem sabe sequer o que pensa ou o que deseja? Quem sabe o que é para si-mesmo? Quantas coisas a música sugere e nos sabe bem que não possam ser! Quantas a noite recorda e choramos e não foram nunca! Como uma voz solta da paz deitada ao comprido, a enrolação da onda estoura e esfria e há um salivar audível pela praia invisível fora. Quanto morro se sinto por tudo! Quanto sinto se assim vagueio, incorpóreo e humano, com o coração parado como uma praia, e todo o mar de tudo, na noite em que vivemos, batendo alto, chasco, e esfriase, no meu eterno passeio nocturno à beira-mar!


Fernando Pessoa, Livro do Desassossego

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Lost and Found

A mínima distracção estendida por escassos meses, talvez anos, e algo de extraordinário, deixa de se visto antes mesmo de puder ter sido dado a explorar. O que fazemos no tempo repercute-se na eternidade (ooh não, e isto soa-me agora a cinema épico, ao estilo The Gladiator; agora não mudo). Passada a oportunidade, resta a desconfortável sensação de desperdício como quem é náufrago no meio do Pacífico, vê passar um navio ou avioneta, não lhe restando, porém, um único very light para pedir auxílio (agora foi um pouco de Lost, para equilibrar com The Gladiator).
Se ela me permite, fica aqui dedicado a todos os que andam neste mundo a deixar escapar coisas valiosas e assim moldam o futuro diariamente porque não existem destinos fatais e as correspondências e satisfações próprias e recíprocas dependem da habilidade de cada um, em função das suas escolhas, mais ou menos criteriosas.



E por falar em coisas que se perdem e outras que poderão, quiçá, ser recuperáveis; aqui fica o excerto mais sintetizador do filme Les Uns et les Autres, filme excepcional ao seu jeito, que só tive oportunidade de assistir, finalmente, na noite passada. Diria que é um filme que tem o distinto mérito de, sem comovedores e arrepiantes adornos, nos confrontar com um retrato pragmático do curso da vida que é transformada por factores externos e inesperados sem que os seus actores tenham tempo sequer de se insurgir diante da arbitrariedade do futuro.

Pony - Erin McCarley

Utilidade

La reconnaissance de la plupart des hommes n'est qu'une secrète envie de recevoir de plus grands bienfaits.

(A gratidão da maioria dos homens não passa de um desejo secreto de receber maiores favores.)

François La Rochefoucauld

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

IF - Rudyard Kipling



If you can keep your head when all about you
Are losing theirs and blaming it on you;
If you can trust yourself when all men doubt you,
But make allowance for their doubting too;
If you can wait and not be tired by waiting,
Or, being lied about, don't deal in lies,
Or, being hated, don't give way to hating,
And yet don't look too good, nor talk too wise;

If you can dream - and not make dreams your master;

If you can think - and not make thoughts your aim;
If you can meet with triumph and disaster
And treat those two imposters just the same;
If you can bear to hear the truth you've spoken
Twisted by knaves to make a trap for fools,
Or watch the things you gave your life to broken,
And stoop and build 'em up with wornout tools;

If you can make one heap of all your winnings
And risk it on one turn of pitch-and-toss,
And lose, and start again at your beginnings
And never breath a word about your loss;
If you can force your heart and nerve and sinew
To serve your turn long after they are gone,
And so hold on when there is nothing in you
Except the Will which says to them: "Hold on";

If you can talk with crowds and keep your virtue,
Or walk with kings - nor lose the common touch;
If neither foes nor loving friends can hurt you;
If all men count with you, but none too much;
If you can fill the unforgiving minute
With sixty seconds' worth of distance run -
Yours is the Earth and everything that's in it,
And - which is more - you'll be a Man my son!

Inconvenientes de Dar a Voz ao Povo

O facebook revolucionou os contactos sociais e profissionais, as ligações de interdependência por referência a ciências, artes, causas, ideais, lazer, iniciativas desprovidas de sentido, e o seu valor estratégico não foi negligenciado pelas bases de poder, seja ele comercial, político, artístico...já bem o sabemos. Falo por mim; já me fartei de o saber até à exaustão, nomeadamente, em virtude de ter sido parte activa de um trabalho académico em que o docente aconselhou o grupo a explanar sobre o assunto das redes sociais (twitter e facebook) como tópico fulcral e bem delimitado no contexto do trabalho sobre campanhas eleitorais.
Como tudo na vida, este instrumento omnipreseimnte na vida das pessoas trará os seus pioneiros benefícios e algures, os danos, mais ou menos previsíveis. No caso aqui destacado será claramente identificável onde reside o problema. São apenas 3 exemplos representativos da dolorosa experiência que é ler as contribuições mais diversificadas que podem causar riso ou, às pessoas mais sensíveis, perplexida e desespero. Quem vai à guerra dá e leva e quem tem facebook estreita laços de dependência com quem lhe interessa e ainda é desprestigiado e humilhado pelos fãs mais caricatos.

Vou tentar, porém, acabar o meu comentário com uma tentativa de raciocínio que me permita concluir se é bom ou mau um partido político ter a página aberta aos militantes, simpatizantes, indiferentes, opositores e carniceiros: Se eu passo a conhecer melhor as bases de apoio de um partido, sem mistificações eleitoralistas e me deparo com a realidade bem mais desagradável do que eu poderia imaginar (ou queria/preferia ignorar), esse efeito vai ter repercussões nas motivações e firmeza de apoio de parte do eleitorado mais coerente mais esperançoso ou, genericamente, mais incauto. Neste caso sai o tiro pela colatra ao administrador de tamanha iniciativa ciberneutica. Por outro lado, é desenvolvido um mecanismo eficiente no sondar das inquietações/desejos da sociedade civil, canalizando todas as reações de imediato por toda a rede de membros o que poderá resultar numa aplicação de sugestões directas ou, por exemplo, permitir que cada um de nós fique bem ciente da natureza de gente em que se alicerça a fantochada toda. Neste último caso, incluo-me a mim mesma porque não há nada melhor que agarrar o touro pelos cornos, ridicularizar a pobreza de espírito porque não vale a pena medir todos pela mesmo bitola.

Não diga que não se nota. Clique em cima e veja maior. E clique na lupa! A qualidade da imagem original foi notoriamente corrompida pelo processo de upload mas como me têm obrigado a aprender, o que interessa é a intenção. Gracias.

domingo, 8 de agosto de 2010

O Estímulo, o Garante e a Dádiva


Adoro os prazeres simples. São o último refúgio das pessoas complicadas.

O irrepreensível Oscar Wilde adorava e eu sigo-lhe o exemplo. Todo o sincero e complicado indivíduo admite que concentra toda a sua actividade, permanentemente na rota de colisão com esse estímulo, o perceptível galardão que segue o esforço. O subjectivo sentido de dever sofre menos de falta de persistência do seu sujeito consoante a distância do cobiçado gozo. De todas os critérios de acção, diria pois que o prazer é a imposição mais leve e infalível ao dar sentido ao empenho tantas vezes abalado pela inconstância pessoal ou pela paralela desonestidade alheia.
São os momentos de pausa, livre de fardos rotineiros, dos que amassam a espontânea actividade dos instintos sem data nem hora marcada, que nos facultam compreender quão animalesca é a previsibilidade dos nossos fins. E fazê-lo com o distanciamento e discernimento necessários já que em meio de trabalhos podemos correr o risco de ignorar os sinais da mente e do corpo, chegando mesmo a achar que estaremos a atingir um grau de loucura e cançanso muito particulares e inconfessáveis.

O que muitas pessoas não terão percepcionado ainda, (porque no fundo a tese é minha e nunca a partilhei) é o carácter rotativo da Hierarquia de Necessidades de Maslow. Ingénuos os que alimentem o ego e se julguem atingir um nirvana onde superabunda a auto-realização intelectual, negando a incessante procura de refúgio e alívio normalizador nas necessidades que deixaram para trás. Declarando ou não publicamente, cedendo à vontade própria ou admoestando-a, o facto é que quem está consciente de ter subido ao patamar da auto-realização e de ter esgotado a inesgotável panóplia de aptidões a explorar gradualmente, consegue vislumbrar o fatal destino de recorrer ao apetecível e evasivo. Porque a nossa natureza não dita que nos restrinjamos ao topo da pirâmide de necessidades. Enclausurar-se neste topo de labor e êxtase temporário terá rápidas repercussões na disposição da pessoa, no seu equilíbrio mental e emocional. É nesta lógica que me recuso a aceitar qualquer tipo de disciplina colectiva e ordenada de cima, como boa defensora da disciplina que sou. A disciplina é antes de tudo, personalizada, intransmissível, individualizada, ficando ao critério de cada um a hora do intervalo.

É com certo orgulho que devemos constatar portanto que quanto maior é a busca de libertação em prazeres simples, maior tem sido o desafio a que nos temos proposto e mais árdua tem sido a jornada e provação à resistência intelectual e física. Para todos aqueles que não ficaram convencidos ou, pura e simplesmente ousaram a divergir no meu coerente e invejável pensamento, começo por fazer notar que são pessoas num nível de simplicidade humilhantemente raso e, em segundo lugar aconselho que me contactem para eu providenciar uma experiência alucinante em meio académico, na semana que antevê o curto e denso período de exames. Coisas do meu passado…e do meu futuro, já que as regras ditam período de férias neste preciso momento de refrigério estatal e academicamente definido. Entretanto gozem de prazeres simples na medida do tédio profissional a que estão expostos.

sábado, 7 de agosto de 2010

Mark Gungor - Men's Brain Women's Brain

Vendo desta perspectiva...é assustadoramente divertido.
"Women's brains are made up of a big ball of wire, and... everything is connected to eveRRYYYTHIING!!"

"They’ve actually measured this: The University of Pennsylvania discovered that men have the ability to think about absolutely nothing and still breathe"

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

The Partisan - Leonard Cohen



When they poured across the border
I was cautioned to surrender,
this I could not do;
I took my gun and vanished.
I have changed my name so often,
I've lost my wife and children
but I have many friends,
and some of them are with me.
(...)
Oh, the wind, the wind is blowing,
through the graves the wind is blowing,
freedom soon will come;
then we'll come from the shadows.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

We Need To Talk About IT


When was the last time the United Nations Security Council met to condemn an Arab government for its mistreatment of Palestinians?

How come groups and individuals on university campuses in the US and Canada that call themselves "pro-Palestinian" remain silent when Jordan revokes the citizenship of thousands of Palestinians?

The plight of Palestinians living in Arab countries in general, and Lebanon in particular, is one that is often ignored by the mainstream media in West.

(...)

Can someone imagine what would be the reaction in the international community if Israel tomorrow passed a law that prohibits its Arab citizens from working as taxi drivers, journalists, physicians, cooks, waiters, engineers and lawyers? Or if the Israeli Ministry of Education issued a directive prohibiting Arab children from enrolling in universities and schools?

But who said that the Lebanese authorities have not done anything to "improve" the situation? In fact, the Palestinians living in that country should be grateful to the Lebanese government.

Until 2005, the law prohibited Palestinians from working in 72 professions. Now the list of jobs has been reduced to 50.

Still, Palestinians are not allowed to work as physicians, journalists, pharmacists or lawyers in Lebanon.

Ironically, it is much easier for a Palestinian to acquire American and Canadian citizenship than a passport of an Arab country. In the past, Palestinians living in the West Bank and Gaza Strip were even entitled to Israeli citizenship if they married an Israeli citizen, or were reunited with their families inside the country.


Palestinians in the Arab World: Why the Silence?
by Khaled Abu Toameh
ARTIGO COMPLETO AQUI

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Boas Notícias Sazonais

A ligeiríssima redução do número de desempregados no Verão não deixa ninguém indiferente e é a televisão pública dos portugueses que lhes transmite o alento sempre imbuído do maior rigor. Por 2,133 mil milhões de euros em 9 anos (2001 a 2009), a RTP podia investir também em alguém seriamente competente para fazer os gráficozinhos.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Queens Of The Stone Age - No One Knows

I journey through the desert
Of the mind with no hope
I follow
I drift along the ocean
Dead lifeboat in the sun
And come undone
Pleasantly caving in
I come undone

I realize you're mine
Indeed a fool am I
I realize you're mine
Indeed a fool am I


Mercado das Cunhas

Enquanto jovens promissores, altos e baixos, gordos e magros, numa realidade bela e isenta de preocupações e de nuvens negras, empenhados no presente, desfrutam, ingénuos, da felicidade que decorre das vitórias diárias conquistadas, eis que surge, numa tarde quente de Agosto, a imagem da fatalidade que ceifa gerações; Oh juventude incauta mas de tanto valor; a treva cobre toda a terra, há gente que sofre, há gente que chora, há gente que grita, (oooooh se grita!!) E depois dá NISTO.

Poemas para Rir ou Odiar

Existem diversas formas de mandar alguém ir dar uma curva e quando o tédio não perdoa até os insultos podem sair em verso, tal é a indisposição, busca de equilíbrio mental e necessidade sarcástica:

SMS enviado do dia:

Por tudo o que foste e fingiste ser
Eu guardo hoje cansaço.
Cansaço outrora esbatido
Pelo engano histérico do teu riso.
Agonia constante, para ser mais preciso.

Por tudo isso rejeito carinhos.
Tornas humanos em taciturnos
Pela omnipresencia dos beijinhos.
Não me toques!
Vai-te já sem ecos.
Passado um dia contigo
Recupero à noite alimentando-me a filmes suecos.

Gostaste? Arrefinfa-lhe!

Marasmo Involuntário

Esperava mais do que podia esperar, no tempo das esperas.
Do risco de perder ou ganhar, fitava ausente miragens austeras.
Luz vindoura de vontade, nas margens do dia.
Da indiferença equivocada ao indício mal entendido.
Prometido, tudo o que a si houvera prometido, em fantasia, em mera cobardia.
No cume da carências, campo aberto ao esgotamento,
Ao vale da exigências, incrédulo contentamento.
Deitara tudo a perder na perpétua decepção do real e do fugaz.
Impune condenação a encarar seus semelhantes, os facilmente satisfeitos
Pelo saciar incompleto no jogo das aparências.
Gracejos de ocasião em cordialidade animal.
Seu problema foi um só;
Aspirar num outro o que via em si mesmo, fora o banal.