quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Espécies a Aniquiliar na Rede Social


Eu sei que não é nada original fazer teses sobre fenómenos que decorrem no Facebook mas importa aqui discorrer sobre três tipos de manifestações escritas que são perturbadoras. A categorização é minha e limito-me a enumerar os tipos mais frequentes e dolorosos.

1 - O “Activista Compulsivo Implacável”, faz terrorismo visual em Caps Lock num interminável grito mudo: “EM 1990, NASCI E VIM AO MUNDO, APÓS A REVOLUÇÃO DE ABRIL. EM 2008 ENTREI PARA OS FUZILEIROS. ESTE MUNDO É FEIO E O GOVERNO DEVIA BAIXAR OS IMPOSTOS, CARAGO! É UMA CAMBADA DE LADRÕES, GATUNOS E COISO E TAL. TENHO SAUDADES TUAS! QUANDO PASSAS CÁ COM OS MIÚDOS? JÁ DEI DE COMER AOS CÃES E AGORA VOU FAZER O ALMOÇO. BEIJOS À FAMÍLIA, ÉS MUITO LINDA.”

2 - O “Mestre do Suspense”, prende-nos a atenção numa perpétua reticência para fazer render a fruta. Geralmente só tem banalidades a transmitir: “Agora que dizes isso, lembrei-me de muitas coisas que podia exemplificar…Tem muito que se lhe diga…realmente. Bem, não concordo com tudo, claro…admito…mas é interessante…Não podemos estar sempre de acordo…não é…? Mas fez-me pensar…já foi bom por isso. Acho que não devias era meter essas coisas…aqui. Que tal irmos beber um café?…Sim…?...”

3 - “O Iletrado Omnipresente”, é aquela pessoa que nos faz tremer sempre que surge uma notificação referente a ela. Esta espécie pode encontrar a sua causa numa irremediável inimizade com o teclado ou num período alargado de emigração que varreu as réstias de bom português que lhe inculcaram na infância: “olà qrida! Està moitu bom!! O videu é um bucadu cinistro mas engrazadu. Já extive a ver as voças fôtos do Luxamburgo e nem todo vai bêm. Mas desejovos toda a forca do mundo!!! Gosta-va de darvos um abraso ainda neste Natál. Beijinhus prá famìlia! E desculpa os errus, estou a esquever num teclado difrente”

domingo, 16 de dezembro de 2012

Festas Boas - Entre a Gula e o Grotesco

Mais deprimente que um “Natal dos hospitais”, só mesmo o Natal dos “Centros comerciais”. Tão intragáveis templos da modernidade, atulhados de ateuzinhos frenéticos e desesperados, fazendo equilibrismo com a caixa das farófias a pingar nos rebordos, os 6€ de Bolo-Rei estandardizado, as bonecas descabeladas e os telecomandados infernais que oferecem aos seus rebentos. Ainda mais cautelosos em aprimorar o laicismo da metódica mensagem de “boas festas” do que na escolha do bacalhau ideal, desfilam humilhantes com o barrete reles enquanto improvisam a pergunta simuladamente preocupada em conhecer o comportamento dos putos ao longo do ano. Não tenham tanta pressa; vão ver que adormecem ainda mais estéreis do que quando acordaram. Encham o bandulho com calma para poupar no ENO e não esbanjem tudo em presentinhos de conveniência porque em Janeiro costuma haver subida dos combustíveis. 


sábado, 1 de dezembro de 2012

New Dawn Fades

A merecida recompensa nunca chega tarde. Chega quando está pronta para ser recebida. No terreno já aplanado.