domingo, 29 de abril de 2012

"The Sad Loss of Gender"



At the end of the 20th century, the modern myth of sexual equality has finally triumphed completely over the complementarity of gender, in which the plurality of cultures - distinct ways of living, dying and suffering - was rooted. The reign of vernacular gender marked a profoundly different mode of existence than what prevails under what I call the regime of economic sex. They are male/female dualities of a very different kind: Economic sex is the duality of one plus one, creating a coupling of exactly the same kind; gender is the duality of two parts that make a whole which is unique, novel, nonduplicable.

By "economic sex" I mean the duality that stretches toward the illusory goal of economic, political, legal and social equality. Male and female are neutered economic agents, stripped of any quality other than the functions of consumer and worker.

By "complementary gender" I mean the eminently local and time-bound duality that sets off men and women under circumstances that prevent them from saying, doing, desiring, or perceiving "the same thing." Together they create a whole which cannot be reduced to the sum of equal, merely interchangeable parts; a whole made of two hands, each of a different nature. To me, the fetus is a symbol of the corruption of hope, just as the medicalization of dying is the corruption of agony. Hope is transformed into expectation - the awaited results of technological intervention.

Now, with new medical technologies, the embryo becomes a "fetus"; the "notyet" loses its mystery as we see it in the sonogram. It becomes another patient, another disconnected part of a way of being to be managed. To me, the fetus is a symbol of the corruption of hope, just as the medicalization of dying is the corruption of agony. Hope is transformed into expectation - the awaited results of technological intervention.

The fetus thus serves as a new emblem of what the future will be. Every moment of existence, since it is all encompassed by the "system, " is a profaned domain open to intervention.
The final step of "systems thinking" is the elimination of time itself. With real-time computers that are never shut down, all potentiality will be subject to management, choice, selection and intervention. The future will hold no surprises because it will be part of the present.

Ivan Illich,

Texto completo aqui.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Sente-se no ar o alastrar de traição

Nenhuma consciência patriótica pode manter-se indiferente perante o 25 de Abril porque ousar negligenciar a data do apogeu democrático nacional é sinal de cegueira e de declínio moral, fruto de contaminação por correntes de pensamento populistas e hereges. E não são poucos os que parecem querer demitir-se da obrigação de relembrar religiosamente a acção corajosa dos capitães que tão vigorosamente expressaram a verdade da maioria. É assustador assistir a essa perda de entusiasmo que se engrossa de ano para ano. As razões para este declínio alarmante só podem residir em alguma força malévola escondida e que urge identificar para neutralizar antes que seja tarde. Que se arrependa de imediato quem confundiu essa odiável resignação contra a nossa democracia com uma ingénua e bem intencionada vontade livre. Não são mais do que agentes escondidos, prontos para contaminar a nação com propostas radicais e egoístas que não atentam à saúde, igualdade e liberdade do seu povo.

Não chega recordar esta, que é a preponderante efeméride do calendário nacional de todo o português, mas garantir também que ninguém se aparta da sua comemoração nem questiona a sua relevância bem como todos os valores que lhe estão implícitos. O primeiro deles é o valor democrático e é o compromisso com a democracia que deve incitar cada um de nós a rejeitar de ano para ano, o governo ultrajante que ocupa o poder. Deve incitar ainda a manter acessa a luta contra o cancro abstencionista que não é sinal de nada, mas é apenas um fenómeno de imperfeição que deve ser combatido quanto antes, por meio de um estímulo à participação até que se concretize a escolha democrática verdadeira; aquela que ainda não foi completamente cumprida e que é a única via perfeita para o melhor interesse comum e harmonia da sociedade. É no sentido desta idealização por cumprir que devem ser direccionados todos os discursos que serão epopeias que farão encolher-se de vergonha os corajosos de Aljubarrota e farão chorar Camões, porque jamais outro acontecimento teve tamanho significado.

A passividade nunca se manifesta por acaso. Neste 25 de Abril, cada um deve olhar para o seu próximo e procurar se este ostenta em si um cravo ou se, pelo contrário, revela indiferença e, pior ainda, resistência e sarcasmo. Tolerar tal atitude é uma traição pelos ideias que motivaram a luta contra os reaccionários do passado. Tolerar tal atitude é não colaborar com os reaccionários do presente.

Brigada do Reumático 2012

domingo, 22 de abril de 2012

rota de colisão



Será estranha, teimosa ou racional a ausência de arrependimento, quando este mais devia pesar?

Se for estranha, é porque uma certa decisão resultou da construção individual, feita de impressões erradas mas mantidas, resultando num conforto que vale a pena conserva. Um atentado à realidade, forjador de sinais sem permissão alheia. Resulta daqui um objecto estranho, transformado livremente pela imaginação e desejo de quem o fabrica.

Caso seja teimosa, há um movimento de inversão às constatações e ignoram-se as punições da realidade para evitar a sensação incomportável de desperdício pessoal ao longo do tempo.
  
E se for racional, é porque reconhece-se vantagem em manter intacta a construção estranha com a teimosia de quem não abdica do seu valor pessoal face à aterradora aleatoriedade da sorte, à ingratidão dos seus semelhantes ou a lapsos de informação fatais.

Uma falha de expectativa para um submisso aos incentivos, é um choque paralisador. Para um teimoso com vontade própria é somente um desvio temporário de readaptação de comportamento, numa posição mental agradável e arriscada, assumida por conta de si mesmo. Deus pode dar nozes a quem não tem dentes mas há quem tenha paciência de aguardar pela ligeira compensação de ver as gengivas do seu rival a sangrar.




quarta-feira, 18 de abril de 2012

recusou à pressa o que nunca viu


Era aborrecido, não por ser longo demais; nada se prolongava.
Era aborrecido, não por ser fugaz, escapando-lhe a meio do empenho.
Antes fosse essa existência de perigo que, ténue, o agarrava.
Mas era aborrecido...e não por ser cansativo
porque nem se cansou com aquilo e aborreceu-se entretanto.
Perdeu o encanto porque o encantamento soava-lhe a repetição.
Enjeitava as novidades nos outros
por causa dessa repetição que era nele só uma impressão.
Não lhe aborrecia ver o desperdício nas coisas enjeitadas e a dor nelas
mas arrependia-se delas por não ganhar nada para si e a todo o tempo
ter de mudar, intercalar, interromper.
O aborrecimento estava nele, que o sentia
e as coisas rejeitadas não eram inúteis em si mesmas.
Mas estas dilaceradas, angustiavam-se
por nada conseguirem inventar para deixar de o aborrecer.

banda sonora de estudo

terça-feira, 3 de abril de 2012

Isto da falta de arte em ser sucinto toma muito tempo a uma pessoa. Ideias em convulsão + o tempo de luxo em ser extenso e redundante + tempo de amputação à obra + o 'finalmente' em estado bruto e entendível que qualquer mestre da síntese atira de início 'like a boss'. Que desperdício e enfado de 'entretantos'...!