terça-feira, 31 de janeiro de 2012

incentivo

É quando somos comparados ao que de pior evitámos durante anos; quando se ofendem com tudo aquilo que nos esforçamos por saber dizer; quando tudo o que de valor fizemos é olhado com desprezo, face aos pecados dos piores seres que conhecemos; quando as coisas em que nos dedicamos são depreciadas como caprichos insignificantes; quando nos ameaçam tirá-las com o indiferente contentamento de nos pisar os ossos. É quando este insulto não desperta em nós nenhum arrependimento mas provoca uma revolta insuperável e nos iramos para defender tudo o que foi ultrajado. É nessa altura que percebemos que escolhemos e trabalhámos para nós e não para agradar aos outros. O que nos fizeram não foi uma ofensa. Foi um meio violento de confirmação. Uma forma de nos assegurarmos.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Fuga aos Democráticos Assassinos em Massa

Perante uma briga no recreio entre um filho e um outro colega, quantos de nós sairíamos de casa, de arma em punho, dispostos a aniquilar todos os filhos dos nossos vizinhos? Seria obviamente uma acção desproporcional e – a menos que um pai muito rancoroso considerasse isso racional dentro da sua percepção de valor – a maioria de nós concordará que os custos que decorrem dessa atitude seriam incomparavelmente superiores aos benefícios e a via pacífica do diálogo entre os envolvidos, seria preferível para prevenir futuros incidentes. Contudo, não é este entendimento que está subjacente às intervenções do Estado e as justificações para esforços adicionais que a democracia protagoniza estão, não raras vezes, alheias a cálculo de respeito pelas liberdades dos indivíduos.

Na presente época eleitoral nos EUA, Ron Paul é um visto como infiel, um perigoso pacifista e "isolacionista", em ambiente de cruzadas santas. A resistência republicana conservadora continua abraçada aos interesses corporativos e a promover o genocídio que assenta na mesma propaganda que "incendiou" a Europa, na primeira metade do séc. XX e que institucionalizou o dualismo moral das guerras em nome da segurança da democracia, desde o legado do presidente Wilson. Só uma visão bipolarizada e viciada da realidade mundial pode explicar a continuidade destes defensores do intervencionismo desmesurado que provoca indecisão até no pensamento de alguns liberais, esquecidos estes de que a paz é a condição fundamental para o livre comércio e respeito mútuo entre as nações. É curioso observar que são os próprios militares e veteranos de guerra a apoiar Ron Paul, sendo que em 2008, o financiamento destes ao candidato libertário superou a quantia total dirigida aos outros candidatos republicanos. Entretanto, a incoerência de declarar guerra a países considerados "não democráticos" para os educar e evitar conflitos futuros fica imune a críticas graças à legitimidade da democracia como religião política contemporânea.


Considerar que as forças de protecção monopolizadas pelo Estado são insubstituíveis porque terão como atributos a prontidão, infalibilidade e imparcialidade é ignorar todos os desperdícios da ambição expansionista e esquecer que todas as necessidades no mercado motivam o surgimento de oferta diversificada que maximiza a qualidade do serviço e adapta a acção no sentido da eficiência, neste caso, na defesa pura de vida, corpo e propriedade. Enquanto cada um de nós reúne informações próprias e únicas que permitem entender se precisamos de câmaras de vigilância espalhadas pela casa ou se podemos ausentar-nos por momentos e deixar a porta aberta, o Estado democrático não tem limites e graus ponderados de prevenção e violência a aplicar, pois despende muitos recursos na procura de alguma informação possível e organiza os meios, somente em favor dos grupos que são mais determinantes para a reeleição.

Produção de segurança puramente privada é superior a qualquer esquema compulsivo, pois encontra alternativas na ordem social que conseguem ser altamente especializadas e respondem de forma mais produtiva com melhores produtos às necessidades particulares. Se uma agência de segurança privada não é mais eficaz e menos dispendiosa, como explicaremos as escolhas em favor do fornecimento privado de segurança nas Universidades, Hospitais e em muitos outros espaços, quer públicos quer privados? A normalidade com que decorre o seu desempenho mostra que os "mercenários" não envolvem um risco maior que dê azo a abusos, comparando com a segurança de provisão estatal. É, por seu turno, a militarização das democracias e um certo incitamento ao ódio que sustenta decisões que não são racionalmente úteis para a sociedade e até os militares perdem noção de preço dos actos. O Estado define o valor aceitável para dada "missão" e reduz tudo a uma escolha moral colectiva. Isto esvazia a função de defesa e conforme o testemunho de Roman Skaskiw, – enquanto veterano de guerra norte-americano convertido à escola Austríaca – hoje, o papel do soldado como provedor de segurança é de importância secundária porque funciona mais como expressão de orgulho e identidade nacional. Isso seria muito difícil de imaginar numa agência privada. Skaskiw defende ainda que os preços de mercado e patrocínio voluntários são restrições muito mais eficazes para moderar o belicismo do que qualquer constituição.


Ninguém fica satisfeito com um alarme que está constantemente a disparar, não estamos descansados se o nosso cão de guarda morde todos os nossos vizinhos e também não permanecemos num espaço comercial por muito tempo se a presença dos serviços de segurança se sobrepuser a todo o ambiente. Estes exemplos têm em comum a perda da utilidade para o qual estariam destinados, porém, são facilmente corrigidos pela adaptação dos nossos comportamentos. Pagar custos directos da guerra é passo decisivo para a paz porque se a ligação entre financiadores e beneficiário desaparece, vai incentivar a criatividade ilimitada face a inimigos externos e a invocação de consenso democrática para dar espaço a free-riding. Lidar com o perigo que tem uma certa probabilidade de acontecer e proteger a vida e os bens materiais deve estar intimamente ligado às preferências dos indivíduos e à intensidade do esforço que estão dispostos a empreender.

Assim como na segurança interna, também a nível externo a indústria da segurança privada está em clara expansão e o leque de oferta é bastante variado. Estas agências são, frequentemente, contratadas também pelos próprios governos o que deve suscitar algum cepticismo, face à possibilidade desta alternativa ser desvirtuada e usada para canalizar, por via indirecta, recursos dos contribuintes para favorecer pactos com algumas destas agências. Embora os incentivos que potenciam a corrupção das instituições, públicas ou privadas, estejam sempre presentes, vale a pena referir exemplos que revelam a operacionalidade das alternativas. Entre as muitas agências que se têm multiplicado, encontram-se: Chase Waterford (Personnel e Special Projects), AirScan Inc., Background Asia, ArmorGroup International, e ainda Academi (inicialmente denominado Xe Services LLC), entre muitos outros exemplos espalhados pelo mundo.

Enquanto o estado conserva a função de protector mas serve-se dela para justificar a agressão incessante e tributação pesada sobre os cidadãos, uma agência privada não pode voltar-se contra os seus clientes graças à concorrência frente a agências que ofereçam melhores condições.
A ideia de que as democracias não iniciam guerras e que não se desenvolvem guerras entre estados democráticos tornou-se um axioma entre especialistas de relações internacionais e burocratas ocidentais que actuam sobre o "chapéu" da defesa dos direitos humanos. A luta contra as supostas autocracias e a condescendência para com intervencionismo norte-americano mostram como a tendência para a violência pode arrastar até o apoio popular de forma gradual, perdendo de vista o respeito pelo território de terceiros e a racionalidade de resposta exclusivamente em caso defensivo.


A própria lógica eleitoral reúne incentivos perniciosos que levam à militarização sem preocupação pela preservação da propriedade, ao contrário da moderação com vista ao longo prazo que é característica das monarquias. O comportamento beligerante leva a uma centralização de todas as infra-estruturas em torno de guerras ideológicas distintas de outras soluções em que os indivíduos escolhem entre agências quando percepcionam o perigo que justifica o investimento. Escolhem pela prevenção e defesa sem atropelar as prioridades diárias, como o comércio e os assuntos da comunidade local comum, com um discurso atemorizador permanente. Os próprios relacionamentos de proximidade inibem focos de violência e as sanções morais e vínculos entre indivíduos desempenham a função dissuasora que nenhuma estrutura coercitiva artificial pode suplantar.

Publicado inicialmente em Movimento Libertário.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Até uma formiga aprendia isto

Within the frame of social cooperation there can emerge between members of society feelings of sympathy and friendship and a sense of belonging together. These feelings are the source of man’s most delightful and most sublime experiences. They are the most precious adornment of life; they lift the animal species man to the heights of a really human existence. However, they are not, as some have asserted, the agents that have brought about social relationships. They are fruits of social cooperation, they thrive only within its frame; they did not precede the establishment of social relations and are not the seed from which they spring.

MISES, Human Action.

Se não perceberam como funciona, perguntem a estes tipos :

Ajuste


Quanto mais compulsivo é um longo e amordaçado "diálogo", mais qualidade e força ganha a resposta incisiva que o desfecha.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A group must be formed and maintained at a certain cost. A group excludes some and includes others. The primary form of a larger group is the linguistic community; the communities range from clans (extended family) to tribes and, eventually, to nations. A nation is originally a linguistic community. In the wake of the French Revolution and the ensuing democratization of war (with the introduction of general conscription in 1793— one of the evils bequeathed to us by the French Revolution), “nation” got its political connotation. And with it, the ideologization of war followed, which culminated in the twentieth century, when “democracy” became the new state religion, and the enemy was eo ipso declared to be “undemocratic,” i.e., an unbeliever. Wars became holy missions, crusades. Think of Wilson’s slogan: “To make the world safe for democracy.” In the totalitarian state, whether Soviet socialist, national-socialist, or a totalitarian democracy, war becomes total.

Gerard Radnitzky, Is Democracy More Peaceful than Other Forms of Government?