domingo, 10 de outubro de 2010

Hábitos e Segurança

Detesto ter hábitos. Habitualmente, é agir assim porque há uma força viciada que nos incute a fazer dessa forma e não de outra porque já tentámos daquela uma vez e resultou, foi uma boa sensação, não corremos riscos e confirmámos que por ali sentíamos certa segurança.

A segurança, essa também, uma aliada ameaçadora, pois cria uma dependência bem recebida pelo agente da acção mas no fundo oculta o seu sentido de amarra, incerta e até fictícia, que se mostra um bom recurso que vai subornando e corrompendo a liberdade. Tenho vindo a notar que hábitos e a noção de segurança andam de braço dado, para o bem e para o mal. Não gosto de hábitos, não gosto de ser convencida e manipulada pela pressão da necessidade de segurança porque nada é certo e é bem melhor ser surpreendida ao colher pela aleatoriedade lógica efeitos das causas que vou semeando. Levar com o resultado das minhas combinação de acções pensadas ou não, e de escolhas necessárias, arrependidas ou não.

Não gosto de hábitos nem da supremacia da segurança que teima em escolher a direcção sem eu ter força e tempo de escolher. E porque não gosto de hábitos e da sensação de ser orientada pela segurança vaga (toda ela é vaga)? Porque tenho plena consciência da sua persistência quando na verdade nem sempre paro para notar que está lá...

É genial demais atingir a barreira da descompressão em que não seremos mais cativos da regra diária, da recompensa previsível, da presença pontual, da troca mútua, da suposta protecção sinceramente infalível e de confiança.

O pior do hábito é ser geralmente alicerçado num mito e quando nos predispomos a encarar o mito como tal, cai por terra a vã segurança e emancipa-se o desconforto diante das horas empenhadas nos hábitos, repetidos em dias, semanas e meses...Antes acordar cedo para a necessidade da desconfiança que embora mal encarada como isolada e pessimista, leva de avanço a experiência amarga que não se abre a embelezamentos que abrir novas oportunidades à cínica da segurança e à força do hábito, traidora que queima as minhas horas.

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