sábado, 17 de novembro de 2012

Militância em Foco


Certamente implica inúmeros custos, decepções, cabeçadas, críticas pessoais e, sobretudo, deve ser sempre acautelado por cepticismo e firmeza nos valores pessoais. 

Mas se existem vantagens a ponderar na decisão pessoal de arriscar a militância num partido político a nível local, elas passam por: possibilidade de sentir, sem rodeios, tensões internas em vez de silêncios de ocasião, como acontece a nível nacional; regressar regularmente ao nosso “ninho natal” e esquecer algumas abstracções que tão confortáveis são no nosso dia-a-dia profissional; sentir alguma vergonha pelos nossos momentos de crítica fácil quando, finalmente, paramos para ouvir o testemunho vincado de autarcas que sempre se debateram por contrariar os embaraços de Lisboa e priorizar o bem da comunidade; observar vontade genuína de encontrar formas alternativas de financiamento e de promoção do bem-estar; sentir cumplicidade entre os nossos conterrâneos quando concordamos na necessidade de um policiamento de proximidade porque nos desleixámos em cima das pedras que os nossos antepassados se bateram por pacificar; despertar para atentados feitos à população, tais como, mapas judiciais que desmembram o contacto do povo com a Justiça e manipulação burocrática que desmotiva as capacidades produtivas da agricultura e da indústria; entender, em dimensões palpáveis, a factura que os sucessivos governos nos legaram, naquilo que é nosso; e apreciar que as ideias e sugestões concretas, muitas vezes, suplantam pacotes ideológicos. 

Apesar de ser um problema, como alguém dizia hoje, “um autarca poder trocar tigelas de sopa por votos”, acrescento eu: ainda é mais perigoso um poder central organizar matanças do porco e churrascadas para todos. 

Cada um desempenha o seu papel onde se sente confortável; se as expectativas esbarrarem com a realidade, podemos dar-nos ao luxo de tirar daí um ensinamento, por conta própria, que ninguém nos contou.

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